Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Notícia Inusitada Encontrada em Documentos Históricos

16 de maio de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , ,

Lucio de Souza, pesquisador da Universidade de Évora, em Portugal, junto com a professora assistente do Instituto de Historiografia, Mihoko Oka, da Universidade de Tokyo, encontraram uma rara documentação que comprova a ida dos primeiros japoneses para o México, no século XVI, como escravos. As informações estavam nos registros da Inquisição, armazenados nos Arquivos Gerais da Nação, naquele país da América Central. Três pessoas nascidas no Japão foram encontradas com nomes de Gaspar Fernandes, Miguel e Ventura, mas não escritos em japonês, mas com as palavras “xapon” (Japão), acreditando-se que todos sejam do sexo masculino.

Gaspar teria nascido em Bungo, atualmente Prefeitura de Oita. Ele foi vendido como escravo por um comerciante japonês a um comerciante português de nome Perez, por sete pesos, para um contrato de três anos, feito em Nagasaki em 1585, quando ele tinha somente oito anos. Acredita-se que ele servia como ajudante na residência de Perez, mas não se conta com mais detalhes. O preço de uma garrafa de óleo de oliva de boa qualidade custava oito pesos na Espanha da época. Esta incrível história consta de um artigo publicado pelo jornal japonês The Yomiuri Shimbun.

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The Yomiuri Shimbun

Segundo o artigo, Perez foi preso em Manila em 1596 sob a convicção que ele era judeu secretamente. Ele e sua família cruzaram o Pacifico em 1597, de Manila para a espanhola Acapulco, no México atual, para um segundo interrogatório perante a Inquisição. Os três japoneses foram inscritos nos arquivos como escravos de Perez.

Gaspar testemunhou no interrogatório sobre as práticas religiosas de Perez, incluindo o que ele comia. Em 1599, ele e Ventura apelaram para as autoridades que não eram escravos, e foram soltos em 1604.

Na história japonesa, a missão do menino Tensho, que foi enviada pelo senhor feudal Otomo Sorin, que era um cristão japonês, para visitar o papa e reis na Europa em 1582, viajando para Roma pelo Oceano Índico, informa-se que observaram escravos japoneses em todo o mundo. Em 1587, o famoso Toyotomi Hideyoshi baniu o tráfico de japoneses. Naquela época, Portugal e Espanha promoviam o tráfego de escravos asiáticos, incluindo japoneses, como parte de suas políticas coloniais, segundo o artigo.

A rota do Pacífico de Manila para Acapulco foi estabelecida em 1565, e havia informações que escravos japoneses cruzaram o oceano, sendo vendidos na América do Sul em 1596. As documentações sobre o assunto são raras, como afirma a professora Mihoko Oka.

Pode-se acrescentar que o intercâmbio dos portugueses com a Ásia começou com os jesuítas, que conseguiram converter para o cristianismo muitos japoneses, inclusive líderes locais. Mas senhores feudais como Toyotomi Hideyoshi entenderam que eram formas para dominar os asiáticos, mais que promover o comércio, acabando por sacrificar centenas de milhares de cristãos japoneses, com muitos crucificados de ponta cabeça, sendo centenas deles reconhecidos como santos pela Igreja Católica. Sobre estes assuntos existem muitas documentações.



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