Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Suplemento Sobre Rumos da Economia do Valor Econômico

3 de maio de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , , , , ,

Como parte da comemoração do 13º aniversário do Valor Econômico, elaborou-se um Suplemento Especial sobre os Rumos da Economia, levantando o problema de por que o Brasil não cresce, com alguns artigos de conhecidos economistas brasileiros, entrevistas e alguns artigos de jornalistas. Resultou num conjunto de ideias, que devem ser levados seriamente em consideração, apontando variados aspectos, que não necessitam ser consensuais. O conjunto aparenta ser difícil de ser transformado num programa de governo, que teria que ser simples com uma ideia força fácil de ser transmitida para os eleitores, havendo muitas resistências que teriam que ser superadas e que não dependem somente do Brasil, mas também como evoluirá a economia mundial nos próximos anos, principalmente envolvendo os principais parceiros externos.

Naturalmente, muitos analistas se expressaram, dando ênfase em alguns aspectos que consideram estratégicos e que mereceriam mais atenções. O que parece comum entre a maioria é que há uma necessidade de se adicionar uma visão de longo prazo, com o estabelecimento de uma estratégia que, mesmo sem entrar em todos os detalhes, trace as linhas mestras da forma com que a economia brasileira se inserirá na economia mundial, tirando o melhor partido de suas condições disponíveis, efetuando muitas correções que foram apontadas. Há um reconhecimento que o desenvolvimento industrial é indispensável e que a desvalorização cambial torna-se conveniente dentre um elenco de outras medidas, ainda que não se precise a magnitude da mesma.

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Houve um debate entre dois economistas de tendências diferentes, Luiz Gonzaga Beluzzo e Edmar Bacha, promovido pelo jornal. Dois artigos de Marcos de Barros Lisboa e Yoshiaki Nakano, entrevistas feitas com Samuel Pessoa, Luiz Carlos Mendonça de Barros, Carmen Reinhart e José Alexandre Scheinkman, bem como uma série de artigos elaborados pelos jornalistas, que fazem referências a contatos com variados analistas.

Não parece haver a necessidade de um consenso, pois também a economia mundial apresenta desafiantes facetas nos seus principais componentes, não havendo ainda uma tendência clara da evolução futura. Todos enfrentam suas dificuldades, e ainda não se consolida sequer um crescimento econômico modesto, o que acaba complicando o quadro político, diante de tantas aspirações não atendidas.

Predominam ainda as incertezas e muitas tentativas estão sendo feitas para sair da confusão que vai aumentando novas necessidades, onde as posições políticas tendem a se multiplicar. No Brasil, apesar dos pesares, a democracia parece consolidada, mas muitas medidas parecem ser tomadas para preservar as preferências populares dos eleitores.

Para enfrentar a atual situação, críticas acabam sendo formuladas, comparando-se com situações de países e economias que se encontram ainda em estágios diferentes, com dimensões que nada se aparentam com as brasileiras. Costuma-se apontar que os países emergentes, principalmente os componentes da sigla BRICS, que pouco têm algumas substâncias em comum, apresentam resultados mais substanciosos que o Brasil.

Ainda que nem todos os analistas econômicos levem em consideração, há que se constatar que houve uma sensível melhora na distribuição de renda brasileira, que, com a expansão do seu mercado interno, ostenta um dos níveis mais baixos de desemprego que proporciona prestígio popular para o governo. Mas todos parecem admitir que medidas adicionais se tornassem necessários, tanto na educação como nas pesquisas, visando tirar melhor proveito do que se dispõe, sem que fiquem muito claras as prioridades dos aspectos que merecem maior atenção, mesmo admitindo que parecesse dominante a ideia que o setor industrial necessita de maior dinamismo.

Todos os acadêmicos possuem suas preferências, havendo muitas ideias que as despesas públicas precisam ser controladas para recuperar a capacidade de investimento público, ainda que muitos possam ser feitos em parcerias público-privadas. Existem constatações que as agências governamentais, que deveriam estar encarregadas das supervisões de muitos serviços privatizados, não estão adequadamente instrumentalizadas, havendo performances consideradas pobres. O que fica difícil é chegar-se a um consenso das razões históricas que levaram a esta situação, onde os custos de muitos serviços continuam mais elevados do que se encontra em outros países concorrentes, ainda que muitas demandas tenham sido atendidas quantitativamente, com qualidades discutíveis, e perspectivas futuras ainda não satisfatórias.

O que se espera é que estas insatisfações sejam capazes de promover iniciativas para que algumas sejam atendidas, mesmo que não atendam plenamente as aspirações de todos. No fundo, parece que se faz o que se pode, o que ainda é pouco diante da potencialidade que o país apresenta que, segundo muitos, poderia ser atingida com maior eficiência, notadamente com um gerenciamento mais eficaz.



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