Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Suporte Acadêmico Para a Abeconomics

18 de maio de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , ,

Christina Romer, professora de economia na Universidade de Califórnia, Berkeley, é uma respeitável acadêmica, e ela fez um pronunciamento na recente reunião da NBER – National Bureau of Economic Research, na conferência anual de Macroeconomia, em 12 de abril último. Falou sobre o paralelo que ela vê entre a política japonesa que ficou conhecida como Abeconomics, implementada pelo primeiro-ministro Shinzo Abe do Japão, com a adotada pelo presidente Roosevelt quando assumiu em 1933 o comando dos Estados Unidos com a missão de superar a Grande Depressão que tinha se iniciado em 1929.

É um importante suporte acadêmico à política que vem sendo implementada pelo Bank of Japan, comandada por Haruhiko Kuroda, que, adotando uma forte flexibilidade monetária, persegue passar do regime deflacionário para uma inflação de dois por cento ao ano, provocando também uma expressiva desvalorização cambial do yen, que vem recebendo um grande suporte dos empresários bem como do Grupo dos Sete. A esperança é que resulte numa recuperação da economia japonesa que vem acusando uma estagnação por cerca de duas décadas.

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Professora Christina Romer, da Universidade da Califórnia

O paper da professora Christina Romer leva o nome “It takes a regime shift: recent developments in Japanese monetary policy throught the lens of the Great Depression”, onde ela faz um apanhado histórico do que aconteceu com o governo Roosevelt a partir de 1933. Ela afirma, resumidamente, que houve uma determinação para a mudança do regime monetário, provocando uma inflação, expansão monetária e desvalorização do dólar. O mesmo estaria ocorrendo no Japão atual, com a política do primeiro-ministro Shinzo Abe.

Ela faz um amplo apanhado da discussão, inclusive sobre a política do FED – Sistema Federal de Reservas, o banco central dos Estados Unidos, depois da crise de 2008, constatando que não houve uma determinação que está observando agora no Japão.

Teria ocorrido uma verdadeira mudança do regime monetário, passando da tendência deflacionária para a inflacionária, com significativa expansão monetária que provocou também a forte desvalorização do yen, tornando a economia japonesa competitiva com relação ao resto do mundo. A política vem recebendo o apoio do Grupo dos Sete, que reconhece a necessidade de recuperação da economia japonesa, que ficou sacrificada por um câmbio valorizado desde o Acordo de Plaza.

São evidentes que existem também razões políticas para tanto. Para fazer frente à expansão econômica, política e militar da China, os Estados Unidos necessitam de aliados que contribuam para arcar com os custos da corrida armamentista que está ocorrendo, principalmente no Pacífico.

A professora Christina Romer mostra que há necessidade desta determinação para a mudança do regime monetário para que haja possibilidade de sucesso. Esta lição pode ser aplicada também para o Brasil, que com o Plano Real alcançou a estabilidade monetária, mas não completou todo o processo mantendo o real extremamente valorizado, provocando uma falta de competitividade com relação ao resto do mundo, que vem reduzindo o crescimento econômico brasileiro.

Recomendam-se a todos mais interessados nestes assuntos de vital importância mundial que leiam a íntegra do paper da professora Christina Romer, que pode ser obtida por intermédio da NBER, infelizmente em inglês, e numa colocação um pouco teórica e acadêmica, nem sempre acessível aos leigos.



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