Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Ajustando Comportamentos Brasileiros

12 de junho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: , ,

Diante da história brasileira que remonta aos períodos coloniais e da escravidão, as mudanças que estão ocorrendo recentemente no problema dos empregados ou empregadas domésticos mostram que há necessidades de mudanças radicais nesta cultura. Herdamos uma cultura consolidada ao longo de séculos que abusava do uso de empregados ou empregadas domésticos com baixos custos, fazendo com que os chamados patrões deixassem a maioria dos encargos domésticos com eles ou elas, quer seja com base num acerto mensal, semanal ou diário. Observando o que predomina nos países desenvolvidos da Europa, nos Estados Unidos ou países asiáticos como o Japão, onde tais empregados não estão disponíveis, nota-se que muitos destes encargos eram divididos pelos membros da família, pois o custo de contar com auxiliares era extremamente elevado, havendo facilidades para a execução de parte destas tarefas. É evidente que famílias muito ricas contam com empregados domésticos, mas em número hoje restritos.

Por exemplo, em muitos países os serviços de lavagens das roupas são executados em máquinas de lavar coletivas de um condomínio, ou em empresas de terceiros, inclusive com a sua secagem elétrica. Cada membro da família cuida da limpeza do seu quarto, e os serviços relacionados com as refeições domésticas costumam ser partilhados, sendo natural que crianças ou homens cuidem da preparação da mesa, ou da limpeza posterior às refeições. Há muitos casos de arranjos diferenciados, onde os homens cuidam até dos cuidados relacionados com os bebês, quando as mães necessitam de tempo, inclusive para trabalhos externos, principalmente entre os mais jovens. No Brasil, parece que se consolidou a cultura que estes trabalhos braçais deveriam ser inicialmente dos escravos, depois dos empregados, enquanto os patrões deveriam cuidar dos relacionamentos com seus amigos, do ócio e da cultura.

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É claro que as condições brasileiras estão mudando, e acelerando com as novas exigências legais. Também a cultura machista parece que hoje começa a se atenuar, principalmente entre os mais jovens com melhores condições culturais e econômicas.

Mas, este ajustamento cultura é um processo demorado, ainda diferenciado por regiões brasileiras, dependendo da disponibilidade de recursos humanos para tanto. Nos grandes centros urbanos, já se tornam mais difícil conseguir tais empregados, e muitos serviços procuram atender às diversas necessidades das famílias. No entanto, aqueles mais idosos, acostumados aos velhos hábitos, apresentam algumas dificuldades de adaptação, que estão sendo obrigados a efetuar muitas vezes por limitações econômicas.

Em muitos países já se dispõem de alimentos preparados para serem consumidos nas residências, reduzindo tanto os trabalhos para as refeições familiares como para limpeza com materiais descartáveis, inclusive recicláveis. Também no trato de bebês, muitos materiais se tornaram descartáveis, quando no passado havia a necessidade de lavagem das fraldas. Muitos alimentos industrializados, ainda que nem sempre recomendáveis pelo uso dos conservantes, também estão disponíveis.

As residências se tornam mais práticas para suas limpezas de manutenções. No Japão, por exemplo, os empregados domésticos não podem mover as mobílias para as limpezas, ou utilizarem escadas para algumas tarefas, pois eventuais acidentes causando danos físicos implicam em pesadas indenizações para o resto de suas vidas.

Muitos brasileiros, principalmente brasileiras, conseguem trabalho na Europa atendendo diversas famílias nas tarefas domésticas por dia. Há casos em que existem grupamentos delas que moram em conjunto num apartamento mais barato, para reduzir seus gastos, sendo que algumas não se encontram em situação regular. No caso dos Estados Unidos, muitos latino-americanos também são utilizados ilegalmente para estas e outras tarefas, mas com as recentes dificuldades econômicas há uma redução de sua demanda.

O fato concreto é que o desenvolvimento econômico tende a tornar os recursos humanos mais caros, e algumas tarefas acabam sendo até sendo substituídos por robôs, como no cuidado de idosos com necessidades especiais. Portanto, as mudanças que estão ocorrendo no Brasil devem ser encaradas como bons sinais, ainda que provoquem ajustes que sempre são difíceis.



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