Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Aprendendo dos Japoneses Sobre os Idosos

16 de junho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , ,

Como é sabido, o Japão antecipa os problemas demográficos que já estão começando a ocorrer em outros países e que chegarão ao Brasil num futuro não muito distante. Um artigo de grande interesse publicado no Yomiuri Shimbun informa sobre os estudos que estão sendo feitos para enfrentar os desafios de um aumento relativo da população idosa, fazendo algumas reflexões importantes. Existiriam alguns conceitos expressivos como “choji”, que é a alegria de viver muito tempo, mas que está se transformando em “roka shakai”, ou uma sociedade que se enfraquece com o envelhecimento, inclusive com o isolamento de muitos. Eles procuram evoluir para “kyosei”, que seria aprender a viver juntos, com sistemas de assistência mútua, complementando os laços comunitários e familiares, um caminho para uma sociedade de vida longa, com qualidade.

As mudanças demográficas são as mais previsíveis entre as que envolvem as sociedades hoje desenvolvidas, e outras que ainda estão tendendo a atingir estes estados como as dos países asiáticos, compreendendo também os emergentes como o Brasil. As mudanças que estão sendo provocadas exigem que todos pensem no futuro com o ciclo dos cuidados, como expressa o professor Toshihiko Hasegawa, da Nippon Medical University. Isto está sendo feito no chamado projeto Tama, que visa explorar sistemas que permitam aos moradores receberem assistência médica, cuidados de enfermagem e serviços de bem-estar de uma maneira contínua e integrada. Os participantes destes estudos são multidisciplinares, envolvendo também os próprios idosos, com a previsão que muitos serão únicos indivíduos, sem familiares.

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Yomiuri Shimbun

O que se observou no Japão e também o que está projetado é uma tendência que vai se verificar em outros países, com defasagens variadas. Um aumento relativo de idosos, principalmente de mulheres, enquanto os mais jovens e inclusive os que estão na faixa da idade útil ao trabalho ativo tendem a reduzir-se relativamente.

No Japão, por volta de 1960, a população ativa entre 20 a 64 anos era quase 10 vezes do que os de mais de 65 anos. Agora só há 3 pessoas em idade de trabalho, e em 2020 deverá cair a menos de 2. Há que se desenvolverem sistemas que permitam que estes idosos possam viver de forma condigna, o que não pode ser feito somente com o aumento dos impostos sobre os que trabalham.

Muitas comunidades no Japão já contam com estruturas para a convivência destas populações idosas, e com a transparência de todas as informações que são fornecidas pelos meios eletrônicos, muitas pessoas já escolhem onde viver com a devida antecedência. Há que se contar com a assistência mútua entre os próprios idosos, e encontrar as formas mais eficientes para todas as assistências necessárias, inclusive com os usuários arcando com parte das despesas.

O Brasil e outros países podem aprender com o que já é feito tanto no Japão como na Europa, que também conta com muitos idosos. Existem experiências de muitos tipos, e os exemplos considerados mais adequados necessitam ser preparados com antecedência, pois são problemas inevitáveis que necessitam ser enfrentados.

Com a nova legislação de empregados domésticos, muitas famílias já não contam com condições de sustentar cuidadores profissionais dos seus idosos. E os estabelecimentos de custos razoáveis também acusam suas capacidades ocupadas, principalmente os considerados prestadores de serviços de qualidade. Isto significa que parte dos problemas já começa a atingir os brasileiros. Parece urgente que estes assuntos sejam estudados com grande seriedade.



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