Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Estendendo os Olhares Para Todo o Mundo

21 de junho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , , , ,

É evidente que os seres humanos não são totalmente racionais, se comportam muitas vezes de formas emotivas, que podem ajudar em muitos aspectos quando otimistas, mas prejudicam quando pessimistas. Mas parece que a acumulação de experiências tem que ajudar na compreensão adequada dos problemas pelos quais estamos passando no Brasil, com a racionalidade possível. Diversos pronunciamentos de experientes acadêmicos e analistas amadurecidos, mesmo que emocionados com o que está ocorrendo, possuem a sensatez para se preocupar com algumas tendências que se observam, como a negação de todos os mecanismos políticos e democráticos, tendendo ao anarquismo. Tudo indica que a energia liberada por estas surpreendentes manifestações serem aproveitadas necessitam ser canalizadas, dentro dos mecanismos que foram sendo aperfeiçoados pela humanidade ao longo de sua história, para convivência até dos que pensam de forma diferente.

Como está se tornando usual, agradou-me especialmente a análise que foi feita pelo The New York Times por um grupo de jornalista, como já postei neste site, por proporcionar uma possibilidade de comparações internacionais. No plano interno, a entrevista feita por Robinson Borges com o professor emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, Gabriel Cohn, publicado no suplemento Eu & Fim de Semana do jornal Valor Econômico, ainda que sintética, expressa com precisão, na minha modesta opinião, as interpretações e ponderações que necessitam ser apresentadas pelos mais experientes. Concordo com suas respostas em gênero, número e grau, e partilho das mesmas preocupações. Ainda que outras versões também sejam apresentadas no mesmo suplemento para permitir um julgamento mais ponderado, como as entrevistas com a professora Lourdes Sola e Howard Rheingold, autor do livro “Smart Mob”, falando do que ocorreu na Primavera Árabe, no Occupy Wall Street e agora na Turquia.

Lamento que muitas personalidades estejam expressando pelo Facebook sentimentos meramente emocionais e com claros posicionamentos individuais que devemos respeitar, ainda que não concordando com eles. Principalmente quando parte de pessoas que já deveriam ter a capacidade de julgar o que está acontecendo agora no Brasil, com os olhos voltados para o que acontece também no mundo, em diversos países, mesmo que cada caso seja um caso, não permitindo a elaboração de uma teoria sobre estes processos complexos, que não terminam facilmente, e nem sempre apresentam contribuições positivas como as desejadas por todos.

Muitos estão confundindo cautelas com perplexidades e, depois de tudo consolidado, tende-se a verificar que as mudanças ainda que desejadas continuem sendo pequenas. Fala-se de milhões de manifestantes, o que parece respeitável, mas não se fala muito dos outros milhões, talvez maiores, que estão sendo prejudicados nos seus direitos de ir e vir livremente pelas manifestações, algumas violentas com os seus direitos atingidos. Expressam-se como se tudo fosse permitido, sem nenhum custo para ninguém. Tudo que for atendido das mais legítimas reivindicações vai custar algo, em cortes de outros programas ou tributações adicionais. Não existe milagre em economia, lamentavelmente.

É evidente que existem erros que foram apontados, e esperanças que muitos sejam corrigidos, com sensatez ou instinto de sobrevivência, inclusive política, por parte das autoridades. Ainda que muitos sonhem com mecanismos apartidários, o fato concreto é que nas democracias as decisões acabam sendo tomadas pelas posições majoritárias, onde os mais modestos também têm os mesmos votos dos que se tiveram a oportunidade de chegar a ser universitários. Os direitos dos que estão trabalhando e precisam se deslocar para suas casas necessitam ser respeitados, como os manifestantes podem expressar livremente suas opiniões, nos lugares e locais adequados. Terão que participar das eleições, se possível como candidatos ou, no mínimo, como eleitores para escolherem os seus preferidos, participando da política. A democracia direta e popular não parece exequível num país de grande dimensão.

Em todo este conjunto existem os pessimistas que imaginam que os problemas são exclusivamente brasileiros, sem olhar para o que está acontecendo no mundo, dependendo somente da vontade das autoridades. Os otimistas, ainda que reconhecendo as limitações, acreditam que manifestações populares como as que estão ocorrendo ajudam na superação de muitas dificuldades, ainda que existam muitos obstáculos a serem vencidos, com o trabalho de todos.



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