Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

IHI Anuncia a Intenção de Adquirir 25% do Atlântico Sul

13 de junho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: , , | 2 Comentários »

Depois de longas negociações, a IHI – antiga Ishikawajima Harima, tradicional estaleiro japonês que detinha o controle total da Ishibrás – Ishikawajima do Brasil, o maior estaleiro que estava instalado no passado no Rio de Janeiro, anuncia que junto com outras empresas japonesas adquirirá 25% das ações do Estaleiro Atlântico Sul. Este estaleiro brasileiro está localizado em Recife, no porto de Suape, controlado pela Camargo Correa e com participação da Queiroz Galvão. A notícia foi publicada no jornal econômico japonês Nikkei, na edição de 13 de junho. Ela virá associada com a JGC que tem experiência na liquidificação do gás e a Japan Marine United que decorre de um desmembramento da IHI, que trabalha com o transporte marítimo. Sabe-se que a IHI, além de embarcações, hoje produz equipamentos pesados de diversos tipos, e no passado contava com uma unidade para tanto no Estado do Rio de Janeiro.

Esta operação dotará o Estaleiro Atlântico Sul com as tecnologias que não dispunha e que não permitiram a produção das volumosas encomendas da Petrobras, cujas entregas estavam atrasadas, obrigando que muitas embarcações fossem transferidas para importações do exterior. Pelo que se sabe no mercado, a operação foi coordenada pela Mitsui que é a general trading japonesa mais ativa no Brasil, ainda que não disponha de tecnologia de estaleiros, mas é uma hábil empresa na montagem destas operações. Segundo a notícia, o Brasil continua desenvolvendo seus campos de petróleo localizados no mar, como outras fontes de energia como o gás, que no momento está sendo queimado nas plataformas.

estaleiroohi

Segundo a notícia, a IHI pretende com a participação envolver-se com a produção de gás liquefeito em grande escala. Uma empresa de propósitos especiais será criada em fins de junho deste ano, com investimentos de R$ 210 milhões nestes 25% de participação, sendo que a IHI ficará com cerca de 60%, a JGC com cerca de 25% e a Japan Marine United com cerca de 15%. Estas empresas pretendem que outros investidores japoneses participem do empreendimento.

Este tipo de associação permitirá o aumento da participação brasileira na produção de equipamentos indispensáveis às atividades petrolíferas e de gás, como é perseguido pelo governo federal brasileiro. Mas ainda existem problemas a serem superados como a disponibilidade de recursos humanos qualificados, principalmente em decorrência de sua localização numa região que não tem longa tradição neste tipo de setor industrial.

Certamente, este é um dos assuntos que justifica a visita da presidente Dilma Rousseff ao Japão, onde já tem agendado o encontro com o primeiro-ministro Shinzo Abe. O retorno de investidores japoneses da indústria pesada que disponham das tecnologias indispensáveis para o Brasil deve ser saudado como um acontecimento expressivo.


2 Comentários para “IHI Anuncia a Intenção de Adquirir 25% do Atlântico Sul”

  1. Ernesto Pontes
    1  escreveu às 12:57 em 13 de junho de 2013:

    Sr. Yokota:

    E como está a indústria naval japonesa? Sei que ela foi superada pela sul-coreana e pela chinesa… O senhor acredita que ela irá sucumbir?

    E. Pontes

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 14:40 em 13 de junho de 2013:

    Caro Ernesto Pontes,

    A indústria de construção naval do Japão dispõe de tecnologia e não conseguia competir com seus vizinhos coreanos e chineses em questão de preços. O salário no Japão é bem mais elevado que nos países vizinhos, e com a recente desvalorização cambial tornou-se novamente competitiva. Esta joint venture visa não só a construção naval com os equipamentos pesados, e está sendo fortemente protegida por ambos os governos. Mas, mesmo sem esta artificialidade, é necessário que o Brasil se torne competitivo, o que ainda não está se conseguindo. A política econômica está sendo ajustada, com juros menores, cambio se desvalorizando, e ficam sem tributos, na medida em que se compete com fornecimentos externos. Há ainda que se lutar muito.

    Paulo Yokota


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