Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Índia Comparada com a China por um Prêmio Nobel

21 de junho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: , ,

Quando um Prêmio Nobel como Amartya Sen, ele que é professor de economia e filosofia de Harvard, falando do seu país, a Índia, escreve um artigo publicado pelo The New York Times, é preciso prestar a devida atenção, pois a compara com a China, quando o Brasil pretende ser um país emergente que fique no mesmo grupo daqueles dois países. Principalmente quando ele trata de assuntos como os que as manifestações populares dos jovens brasileiros hoje estão procurando evidenciar. Ele afirma que a Índia moderna é, em muitos aspectos, um sucesso, e sua pretensão de ser a maior democracia do mundo não é algo irresponsável. A comunicação social na Índia é livre e vibrante e os hindus são os que mais leem jornais no mundo.

Em 1947, a expectativa de vida ao nascer na Índia era de 32 anos e passou para 66 anos, e sua renda per capita cresceu cinco vezes, cerca de 8 por cento ao ano, ficando somente abaixo da China. Sofreu uma desaceleração recente como todos os países. Mas ele indica que a prestação de serviços públicos essenciais no seu país deprime os padrões de vida e é limitante do seu desenvolvimento.

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Amartya Sen, que faz uma comparação da Índia com a China

A desigualdade nos dois países é elevada, mas a China vem fazendo muito mais que a Índia para aumentar a expectativa de vida, expandir a educação geral e de saúde. Segundo ele, a Índia dispõe de escolas de elite de diversos graus de excelência para os privilegiados, mas entre os hindus de 7 anos ou mais, quase um de cada cinco homens e uma em cada três mulheres são analfabetos. A maioria das escolas é de baixa qualidade e menos da metade das crianças sabem o mínimo de aritmética.

A Índia é o maior produtor de remédicos genéricos no mundo, mas o seu sistema de saúde é confuso. Os pobres precisam confiar na baixa qualidade da assistência medica privada, não havendo atendimento público para todos. Enquanto a China dedica 2,7% do seu PIB para os gastos do governo em saúde, a Índia somente 1,2%. Qualquer semelhança com o Brasil não pode ser considerada mera coincidência.

Segundo o autor, o fraco desempenho da Índia pode ser atribuído a sua incapacidade de aprender com os exemplos do chamado desenvolvimento econômico da Ásia, em que a rápida expansão da capacidade humana é tanto um objetivo em si mesmo e um elemento do crescimento rápido. Onde o Japão é um exemplo desde a Revolução Meiji em 1868, quando se objetivou extinguir o analfabetismo em poucas décadas. Certamente no Japão, os ensinamentos de Confúcio foram importantes.

Segundo o autor, apesar dos problemas de Segunda Guerra Mundial, o Japão deu exemplos de desenvolvimento que depois foram reproduzidos pela Coreia do Sul, por Taiwan, por Cingapura e outros países asiáticos. Mesmo no período de Mao, a China avançou a reforma agrária, educação básica e saúde, o que permitiu depois de 1980 uma enorme melhoria na sua posição na economia mundial.

Nesta comparação, a Índia, segundo o autor, tem se destacado na participação democrática, na liberdade de expressão e o Estado de direito, que ainda são aspirações dos chineses. A Índia não sofreu a fome desde a sua independência, mas a China sofreu a maior fome que matou cerca de 30 milhões de pessoas durante o desastroso Grande Salto de Mao, entre 1958-1961.

Segundo ele, os problemas das carências da Índia devem ser resolvidos com mais democracia, pois os sistemas não democráticos apresentam fragilidades inevitáveis, cujos erros são difíceis de serem corrigidos. O combate à desigualdade debilitante na Índia não se trata somente de uma questão de justiça social, mas dos retornos proporcionados pelos recursos humanos que vêm da melhoria das camadas inferiores da pirâmide socioeconômicas. As exportações da Índia de produtos de alguns setores dependem de recursos humanos bem preparados, em todas as classes.

Como os assuntos abordados são relevantes para as reflexões sobre o Brasil, a íntegra desse artigo do Prêmio Nobel Amartya Sen que é muito mais rico que este resumo pode ser acessado no: http://www.nytimes.com/2013/06/20/opinion/why-india-trails-china.html



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