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Olympio da Silva e Sá e a Comunidade Nikkei no Brasil

11 de junho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , ,

Olympio da Silva e Sá era um importante jornalista esportivo quando a Gazeta Esportiva ainda era um órgão da imprensa de grande destaque. Ele faleceu aos 97 anos em São Paulo, no último sábado. Ele foi presidente da Federação de Beisebol, ainda quando se chamava Federação Paulista de Base-Ball e Softball, entre 1947 a 1965, e este esporte era praticado praticamente só pelos membros da comunidade nikkei, hoje integrada com todos os brasileiros de muitas origens. Tinha uma grande importância e coordenava a famosa Corrida de São Silvestre, que marcava em São Paulo a passagem do ano, pois era praticada na noite de 31 de dezembro. Foi quem conseguiu construir o estádio do Bom Retiro, quando antes este esporte era praticado inicialmente na Baixada do Sudan, no final da rua Conde Sarzedas, onde se concentrava inicialmente a comunidade nikkei, no bairro da Liberdade, na Capital paulista.

Depois, o beisebol passou a ser praticado em alguns estádios pertencentes a clubes que tinham neste esporte a sua base, inclusive em torneios que reuniam representantes de diversas regiões paulistas e paranaenses, onde estavam concentrados os imigrantes japoneses no interior brasileiro. Poucos importantes brasileiros ainda se relacionavam com os nikkeis, e Olympio da Silva e Sá honrava com sua prestigiosa presença todos os que estavam ligados a este esporte, que serviria de ponte com todos os brasileiros. Conseguiu atender uma grande aspiração dos beisebolistas que era contar com um estádio oficial para a sua prática.

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Olympio da Silva e Sá /  Foto: Marcelo Ferrelli/Gazeta Press

Ele era um grande amigo do meu pai, Morimasa Yokota, que sempre esteve ligado a este esporte praticamente por toda a vida, tendo um livro publicado no Japão sobre a história deste esporte e a evolução da comunidade nikkei no Brasil. Contava com o forte apoio do beisebol universitário do Japão. Olympio da Silva e Sá requentava a alfaiataria do meu pai na praça João Mendes, que era um ponto de encontro de muitos dirigentes e esportistas ligados ao beisebol e outras personalidades da comunidade, como jornalistas e pintores.

Na ocasião, ele era o secretário da redação da Gazeta Esportiva que era de leitura obrigatória para todos que se interessavam por quaisquer das modalidades esportivas, evidentemente com grande destaque para o futebol. Foi ele que apresentou Pelé para o meu pai quando ainda era um jovem iniciante, mas promissor craque. E atuou junto a todas as autoridades para conseguir a construção do Estádio do Bom Retiro, que ainda é utilizado para a prática do beisebol.

Apesar da importância que tinha na imprensa esportiva brasileira, durante quase vinte anos dedicou-se a servir como elemento da importante ligação da comunidade com o Brasil, comportando-se sempre de forma modesta. Eu, ainda criança ou adolescente, ficava impressionado com a possibilidade de conviver com uma personalidade de tal importância.

Olympio da Silva e Sá vai fazer falta ao Brasil. Jornalistas que tinham amor ao esporte como ele hoje são raros, e conseguir ajudar um esporte ainda desconhecido no país como o beisebol certamente marca a sua visão. Ele acompanhava pessoalmente os diversos eventos, os campeonatos, vivia com a convicção que o esporte era um instrumento de vital importância para a boa formação dos brasileiros.



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