Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Problemas no Setor Industrial Chinês

18 de junho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , ,

Num longo artigo de Jamil Anderlini, publicado no Financial Times, trata-se detalhadamente dos problemas que estão sendo enfrentados pela China em alguns setores industriais, que sofrem com grandes capacidades ociosas. O exemplo mais marcante foi da Suntech, empresa produtora de painéis de energia solar que colocava os seus produtos nos Estados Unidos e na Alemanha, com fortes subsídios governamentais. A empresa que chegou a ser cotada pelo valor de mercado de US$ 16 bilhões consegue hoje somente US$ 180 milhões, tendo o seu presidente Shi Zhengrong destituído, ele que era considerado o “rei sol”. Hoje, metade do setor de energia solar precisa ser fechada, o que constitui um grande problema para a China que procura manter um crescimento de cerca de 7,5% ao ano.

Segundo o artigo, diversos setores industriais chineses enfrentam problemas semelhantes após o desaquecimento global depois de 2008, e a redução do crescimento interno da economia chinesa. Muitas destas indústrias foram montadas diante dos subsídios que eram oferecidos pelas autoridades chinesas, quando as autoridades locais tinham interesse nestas instalações, oferecendo terrenos para tanto. O sucesso dos dirigentes chineses era medido pelos crescimentos que conseguiam localmente, o que se esgotou determinando atualmente uma descomunal capacidade ociosa.

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Isto estaria acontecendo em setores chaves como a indústria de cimento que viveu do boom da construção pesada e residencial na China, e chegou a representar 60% da produção mundial e hoje conta com capacidade ociosa estimada em um terço. O mesmo acontece no setor siderúrgico e de alumínio, este último que utiliza, como todos, sabem um grande volume de energia elétrica. Também os setores de vidro e papel enfrentam graves problemas de mercado. Muitos estimam que esta capacidade ociosa seja de cerca de 30% atualmente.

Estes problemas acontecem também nas indústrias de produtos finais como a de celulares, que conseguia ocupar espaços de grandes empresas multinacionais, com fortes subsídios governamentais. Suas exportações baratas não dependiam somente dos baixos custos da mão de obra, e hoje necessitam de novas tecnologias que eles não dispõem. Isto também ocorre na indústria pesada, como nos estaleiros.

O setor automobilístico também enfrenta problemas com suas montadoras chinesas que não conseguem competir com as estrangeiras, mesmo que tenham adquirido marcas como a Volvo. Todos os dirigentes destas empresas chinesas acreditavam que as autoridades não deixariam a economia da China crescer menos de 8 ou 9% ao ano. Novos projetos estão hoje proibidos, segundo o artigo.

A tarefa de reorganização do setor industrial chinês é enorme, visando voltar a um equilíbrio. São coisas fáceis de falar, mas difíceis de serem executados, mesmo no novo governo de Xi Jinping, segundo o artigo do Financial Times.



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