Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Como Saiu no The New York Times…

23 de julho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , ,

Todos estão cansados de saber que os preços praticados no Brasil são absurdos quando comparados com os do exterior, mas pouco se têm feito para começar a corrigi-los dentro de um programa sério que pode levar algum tempo para ser completado para ser honesto. Mas, se desejamos nos tornar uma economia desenvolvida, não basta somente protestar e temos que começar a corrigir as graves distorções que vieram sendo acumuladas por décadas, sem perder tempo apontando todos os culpados. Não temos alternativas, e precisamos começar mudar pelos que entendemos mais cruciais, se não desejarmos continuar como o eterno país do futuro.

Simon Romero apontou num artigo publicado no The New York Times alguns preços brasileiros que considerou com diferenças mais gritantes. Como um celular ou um iPhone que custa o dobro no Brasil, um berço que custa mais de seis vezes quando comparados com os de Nova Iorque. Uma pizza que custa US$ 30 ou um sanduiche talvez 3 vezes mais caro. Um aluguel de apartamento e um automóvel que estão entre os mais elevados do mundo. Muitos brasileiros que vão aos Estados Unidos para comprar o enxoval de seus bebês pagam todas as despesas e ainda sobram algumas coisas. Dois comissários norte-americanos foram acusados de contrabando, pois tentaram passar pela alfândega com 14 smartphones, 4 tablets, 3 relógios de luxo e vários videogames, segundo o artigo.

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Estas distorções poderiam ser listadas de forma infindável, como os preços dos hotéis e os restaurantes, os serviços de telefonia, televisão ou internet que custam mais caros no Brasil do que no exterior. Energia, e muitos serviços públicos poderiam ser incluídos, mas parece que apontar as principais causas poderia ser mais útil.

Não há dúvidas que o câmbio é o que reflete mais imediatamente nestas diferenças, e na medida em que os influxos de recursos especulativos sejam coibidos, ao lado da redução dos investimentos estrangeiros diretos que já está ocorrendo, certamente continuará havendo uma desvalorização que corrigiria uma parte destas dificuldades. No entanto, com a forte dependência das importações de máquinas, componentes e alguns produtos acabados, bem como de tecnologias, haveria uma temida repercussão sobre as pressões inflacionárias. Também muitas empresas brasileiras abusaram dos empréstimos externos e deverão enfrentar alguns problemas.

Mas é preciso que haja uma consciência que os preços FOB portos dos mesmos são uma parte, e os demais são custos internos que aproveitam para promover seus reajustamentos aproveitando as desculpas cambiais. O câmbio também afeta os preços de algumas commodities que o Brasil exporta, pois seus preços internos também se ajustam.

O que precisa ser corrigido é a baixa prioridade brasileira para a exportação, que não pode se concentrar nos produtos primários que provocam o que os especialistas chamam de “doença holandesa”, ou seja, a exagerada concentração nestes produtos, sem que haja uma diversificação da economia também para os produtos industriais e serviços.

Todos apontam as elevadas cargas tributárias brasileiras, mas o que parece relevante é que os serviços públicos que são devolvidos para a população é que apresentam deficiências gritantes. Em muitos países desenvolvidos, os impostos são elevados, mas suas arrecadações retornam para a população com serviços de qualidade, com os custeios mais baixos da administração pública. Pouco se faz na redução dos custeios públicos, imaginando que afetam os interesses dos políticos, mas hoje eles estão sob pressões das ruas.

Muitos reclamam do que chamam genericamente como “custo Brasil”, incluindo principalmente as deficiências dos serviços decorrentes da infraestrutura do país. Parece claro que os investimentos que estavam sendo feitos para tanto vinham se reduzindo, havendo agora uma tentativa de ampliar a participação do setor privado com as licitações. Mas elas precisam ser adequadamente estudadas antecipadamente pelas agências governamentais, que se multiplicaram demasiadamente, para que os investimentos proporcionem retornos necessários, sem o que não se consegue a colaboração privada, que não é beneficente.

Muitos apontam os problemas inflacionários que continuam dificultando as atividades empresariais, mas pouco se faz no sentido de retirar a indexação ainda existente. Com isto, com a desculpa de correção da inflação passada, perpetuam-se as transferências das mesmas para o futuro.

Todas estas ações que estão sendo sugeridas não são fáceis de serem realizadas, mas deveriam constar de um planejamento governamental e perseguidas obstinadamente por algumas décadas, incluindo-se nos programas daqueles que pretendem conseguir os mandatos dos eleitores nas eleições.



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