Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Comparando as Maiores Economias da América Latina

23 de agosto de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , ,

Na edição mais recente do The Economist aparecem perplexas análises comparando o Brasil com o México, as duas maiores econômicas da América Latina. As impressões acabam conflitando com os dados registrados, mas talvez por um viés ideológico a revista prefere projetar tendências futuras que divergem dos dados mais recentes. As razões apresentadas acabam demonstrando que estão perplexos, e estão relacionando a situação com informações que apoiam seus pontos de vista, o que não parece uma boa prática. Seria mais honesto afirmar que todo o mundo continua enfrentando incertezas, sendo difícil expressar opiniões seguras sobre o que poderá acontecer no futuro, que dependem ainda das decisões a serem tomadas. Não existe um determinismo histórico.

A revista afirma que o México começou o ano de forma mais promissora, mas acabou registrando uma queda de 0,7% no segundo trimestre. O Brasil, que gerava muita angústia com as dificuldades relacionadas com as exportações para a China, deve registrar um dado mais decente na estimativa para o mesmo período. Continuam considerando que o setor industrial mexicano está em melhor situação pela sua dependência dos Estados Unidos, mas afundou 1,1% no período, devido ao seu setor de construção civil, enquanto o Brasil apresentou um crescimento no mesmo percentual de 1,1%. Não seria mais inteligente admitir que seus pré-julgamentos estivessem errados?

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O fato concreto é que o México que deveria ter suas condições próprias para firmar-se como uma economia emergente, desde a construção do seu setor conhecido como “maquiladora”, depende do que acontece nos Estados Unidos para os quais oferece a sua abundante mão de obra barata, além de emigrar parte de sua população. O Brasil, com todas as suas dificuldades, provocou uma sensível melhoria na sua distribuição de renda, ampliando o seu mercado interno, ainda que lute com suas dificuldades, que também existem no México. Recebe imigrantes do exterior e o seu nível de desemprego é baixo, ainda que deteriorando.

A revista reconhece que o atual governo mexicano não passa por um período de grande prestígio popular, devendo enfrentar demonstrações populares contrárias, em decorrência da decisão de eliminar o seu monopólio estatal do petróleo. O Brasil, enfrentando o descontentamento expresso nas demonstrações populares daqueles que conquistaram a sua democracia, e melhoria do padrão de vida dos menos privilegiados, vê ampliadas as aspirações por melhorias adicionais.

The Economist utiliza os dados das desvalorizações cambiais que vieram ocorrendo este ano no Brasil como uma demonstração de pessimismo. Se assim fora, quem começou a guerra cambial foi os Estados Unidos com sua política monetária expansionista, provocando uma forte desvalorização do dólar para conseguir a sua competitividade internacional. Se o mesmo acontece no Brasil, por que somente admitir as dificuldades das empresas brasileiras que contraíram obrigações em moeda estrangeira, mas não admitir que se reconquista as possibilidades de aumento das exportações que sempre foram a alavanca para um crescimento mais acentuado?

Ninguém em sã consciência pode admitir que não existissem dificuldades em qualquer país do mundo, que está globalizado. É verdade que o Brasil os tem e procura acelerar as licitações para contar com o suporte do setor privado para melhorar a sua infraestrutura, como também estão fazendo muitos países. Porque desqualificar este esforço citando os adiamentos e possível cancelamento do projeto de trem rápido, que não apresenta viabilidade econômica comprovada?

Há que se admitir que, como os países e seus governos, também a imprensa enfrenta problemas de ajustamentos para as atuais condições vigentes. Tudo indica que até a prestigiosa The Economist também conte com suas limitações, com análises que conflitam com os dados, ainda que nenhum quadro esteja satisfatório para ninguém. A revista colocou na matéria que a panela está mal cheirosa com peixes, expressão que poderia ser utilizada também para a imprensa internacional, principalmente quando fica presa às ideologias, como também acontece com as religiões, que acabam sendo dogmáticas.



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