Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Nada é Fácil no Japão Mesmo Com Abeconomics

31 de agosto de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , ,

Apesar da impressionante aprovação popular que o Abeconomics está conseguindo junto à opinião pública e os empresários, com um bom esquema de apoio da imprensa, os obstáculos que necessitam ser superados não são desprezíveis. Yuriko Koike, que já foi uma popular personagem na TV japonesa e conseguiu o seu mandato de parlamentar e um posto de ministra no passado, continua se empenhando em espalhar otimismo, como no seu artigo no Project Syndicate que recomenda que o Abeconomics seja implantando na Ásia. Mesmo que não tenha ainda conseguido resultados reais de reformas no próprio Japão. A revista inglesa de circulação internacional The Economist publica dois artigos sobre o estímulo que o primeiro-ministro Shinzo Abe está dando ao empreendedorismo, estimulando figuras controvertidas como Takafumi Horie, o ex-proprietário do Livedoor que esteve preso por fraude, e que apresenta nada menos que 30 novas empresas. O primeiro-ministro, ele mesmo que fracassou na sua primeira tentativa, é de opinião que o sucesso só pode ser obtido depois de diversas tentativas.

Depois de décadas de estagnação, o Japão volta a tentar uma reativação de sua economia com a política que recebeu o nome de Abeconomics. Já conseguiu uma sensível desvalorização de sua moeda, o que deve tornar a sua economia competitiva. Aumentou seus investimentos públicos, ainda que com o aumento de sua elevada dívida pública. Necessita efetuar reformas, e entre elas escapar dos grandes aglomerados empresariais, perseguindo uma meta de 100.000 novas empresas até o ano 2020, estimulando novas iniciativas dos jovens, que estão condicionados a uma sociedade que evita riscos. Abe está sendo assessorado por empresários como Hiroshi Mikitani, fundador da Rakuten, que é um gigante no online-commerce.

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Yuriko Koike                                             Hiroshi Mikitani

Estas mudanças de mentalidade são necessárias, mas sempre difíceis numa sociedade que se consolidou num arquipélago, com muitas adversidades naturais. Tudo que é um pouco diferente no Japão acaba recebendo uma surda censura da sociedade japonesa.

Afirmar, como Yuriko Koike, que a China e a Índia sofrem uma desaceleração no crescimento de suas economias e que necessita de ideias novas como as do Abeconomics parece mais posição de uma política do que de uma acadêmica que também ela foi. Estes países, ainda que com um crescimento menor e suas dificuldades de reformas também, estão acima da japonesa, devido ao nível mais baixo de renda per capita.

Ela aponta as dificuldades dos seus grandes vizinhos asiáticos, mas não discute que o Japão ainda enfrenta uma grande dificuldade com as contaminações radioativas, além de contar com jovens que não são ousados em novas iniciativas.

Não se pode negar que as iniciativas japonesas são corajosas, mas parece que o pequeno resultado que está se conseguindo até agora é geral, ocorrendo simultaneamente em muitos países do mundo, como nos Estados Unidos, no Brasil, na China como em muitos outros países emergentes, todos que estão usando sua política econômica para saírem do estado de baixo crescimento, ainda que deixem outros problemas como costuma ser usual nos processos de crescimento.



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