Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Artigo de Li Keqiang Para o Financial Times e Outros Assuntos

9 de setembro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , , ,

O primeiro-ministro da China, Li Keqiang, escreveu pessoalmente um artigo publicado no Financial Times para abordar os problemas que estão sendo levantados pelos analistas mundiais, reafirmando suas intenções de executar medidas para perseguir as metas estabelecidas pelo Partido Comunista Chinês. Refere-se ao Fórum de Davos de Verão que se realizará em Dalian, na China, com vistas à recuperação lenta da economia mundial, às preocupações com uma redução mais acentuada do crescimento chinês que deixou de ser de dois dígitos, e às complexas transformações pelas quais necessitam passar. Reafirma que o novo governo chinês, que assumiu em março último, perseguirá as metas estabelecidas de um crescimento mínimo de 7,5% neste ano, baseado no crescimento da demanda interna, mantendo o índice de preço aos consumidores no limite máximo de 3,5% ao ano. O governo necessita de resultados palpáveis e obter o prestígio popular.

Ele se refere à transferência de mais de 100 milhões de chineses do meio rural para os centros urbanos na próxima década. Reconhece que este processo é de elevada complexidade, mas reafirma a forte intenção de tomar as medidas necessárias, procurando inclusive investimentos estrangeiros tornando Xangai uma zona de livre comércio, ampliando seus entendimentos com seus vizinhos, inclusive com o grupo ASEAN.

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Li Keqiang                        Xi Jinping

O governo chinês pretende avançar em tecnologias, como a da informática, expandindo as licenças para as transmissões em 4G. Informa que está preocupado com o meio ambiente, facilitando os fluxos de transporte das regiões centrais e oeste do país. Pretende reduzir a diferença econômica entre o setor urbano e rural. Os serviços chineses devem desempenhar um papel importante, principalmente na criação de empregos, com redução de impostos sobre pequenas e médias empresas.

Ele observa que a política monetária flexível de alguns países desenvolvidos acabou provocando um influxo de capital e sua volta para o exterior, provocando flutuações nas bolsas e nos câmbios. Apesar dos temores de alguns sobre a volta da crise financeira asiática, ele entende que os países asiáticos contam hoje com mais reservas externas e mais instrumentos para neutralizar seus efeitos, inclusive com o swap de moedas, como vem fazendo o Brasil e também está sendo feito na China.

Ele reconhece que a China ainda é um país em desenvolvimento, tendo muitas tarefas a executar e muitos desafios. Mas assegura que o seu país vai assumir maiores responsabilidades externas para promover a paz e o desenvolvimento global. Tudo indica que o novo governo precisa consolidar também internamente o seu prestígio.

Ao mesmo tempo, reforçando a comunicação social, a revista The Economist informa que o presidente Xi Jinping se empenha no combate à corrupção, mesmo encontrando poderosos envolvidos. Entre eles, o ex-chefe da segurança doméstica e magnata do petróleo Zhou Yongkang, membro do comitê permanente do Politburo de nove membros que se demitiu do cargo, mas tinha uma ampla rede de espiões e que tinha relações com o atualmente julgado Bo Xilai. Também está envolvido o ministro responsável pela supervisão de ativos estatais Jieng Jiemin, entre outros altos dirigentes chineses. Xi Jinping necessita consolidar o seu poder nesta disputa que é profunda e que envolve grupos de gigantes políticos chineses.

A China, tudo indica, como em qualquer outro país, além dos resultados econômicos, necessita de uma forte articulação política, e mesmo sendo ainda um país bastante autoritário, necessita também do apoio popular, onde o prestígio no exterior acaba sendo relevante. Os atuais dirigentes máximos possuem um longa experiência interna como externa, e procuram o melhor desempenho utilizando o que aprenderam observando em muitos países estrangeiros, utilizando inclusive a mídia internacional.



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