Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Comunidade Asiática Emergente Segundo as Filipinas

16 de setembro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: , , ,

Fidel V. Ramos foi presidente das Filipinas e é membro do Grupo de Pessoas Eminentes da ASEAN – Associação os Países do Sudeste Asiático que está rascunhando as diretrizes para a Carta desta organização. Ele apresentou um artigo que foi publicado no Project Syndicate colocando de forma aguda e enfática pontos cruciais para estes entendimentos, numa linguagem que nem sempre pode ser entendida como diplomática. Ele menciona que a China vem apresentando reclamações territoriais sobre mares do Sul e do Leste Asiático, criando conflitos com as Filipinas, Vietnã e Japão, impedindo a segurança regional indispensável para o planejamento dos investimentos, o que provoca uma competição militar não declarada com os Estados Unidos para que haja um contrapeso.

Ele utilizou as declarações do vice-presidente dos Estados Unidos Joe Biden que estariam alocando atenção e recursos para a região a fim de assegurar a sua estabilidade e segurança. Isto visaria gerenciar os conflitos de forma pacífica. Sem dúvida, estas declarações são duras, mostrando as diferenças de opinião que existem com a China. Fidel V. Ramos vê as ações internacionais para formar uma comunidade regional semelhante à europeia, com pleno direito diplomático e econômico, que os líderes regionais esperam que esteja concluído em 2015. Visaria para a região um desenvolvimento sustentável voltada para o exterior, resistente, pacífico, estável e próspero. Seriam objetivos ousados que necessitariam de ajustes que deverão envolver duras negociações entre os países, com dimensões e características diferentes.

ramosasean

Fidel Valdez Ramos

Ele entende que uma maior integração do ASEAN segue a tendência mundial para permitir agrupamentos de países de uma região para ganhar em escala econômica, refletindo uma ansiedade crescente que se antepõe a uma agressividade maior da China com relação aos seus vizinhos.

Ele entende que a China pretende remodelar a segurança internacional que os Estados Unidos ajudaram a construir depois da Segunda Guerra Mundial. Os países da região deveriam se unir para o equilíbrio regional, partilhando os encargos para tanto, que seriam ampliados para objetivos sociais, além dos militares e econômicos.

Esta movimentação pragmática não deveria ser vista como uma possibilidade de um conflito violento, mas a segurança militar só poderia ser alcançada com os líderes locais trabalhando num sistema global que reforce suas esperanças, que vão além dos econômicos, mesmo diante de suas diferenças, inclusive étnicas e religiosas. Só um dinamismo econômico poderia resolver as disputas domésticas profundamente arraigadas.

Ele reconhece que a Indonésia, o maior país das dez nações do ASEAN com 250 milhões de habitantes, assumiu o papel de liderança para definição dos marcos da segurança desta organização. Teria proposto uma Rede de Centros de Manutenção de Paz (Peacekeeping Centers Network) e uma Força de Paz Regional (Regional Peacekeeping Force) dentro da capacidade regional.

O sucesso da proposta dependeria das reformas dos países membros da ASEAN. Seria indispensável o desenvolvimento do seu PIB, criação de empresas competitivas e dinâmicas, facilidade nos fluxos comerciais, ampliando empregos eliminando entraves para redução dos custos, aumento da concorrência e realização de novos investimentos.

Os líderes regionais deveriam ter em mente as dificuldades da Comunidade Europeia, como a de obter o consentimento das pessoas comuns, não podendo ser somente um entendimento das cúpulas. Seria necessário oferecer melhorias de saúde, habitação, educação e acesso a empregos com salários decentes.

Seria preciso haver mecanismo para manter os interesses regionais para superação das crises, fazendo cumprir as decisões coletivas com um código de conduta para a região.

Atualmente, a ASEAN ainda não conta com estes mecanismos, dispondo de uma secretaria modesta, mas haveria a necessidade de compensar as incertezas estratégicas e econômicas.

Portanto, os desafios que ainda teriam que serem superadas são gigantescas, envolvendo países com grandes diferenças, notadamente no que se refere as suas dimensões econômicas, políticas e populacionais, com histórias e culturas diferentes. Seriam obras para gigantes, exigindo muita paciência e negociações.



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