Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Economia Chinesa Segundo Michael Pettis

5 de setembro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , ,

A economia chinesa continua sendo uma das mais analisadas, dado o impacto do seu comportamento sobre o resto do mundo, tanto quando cresce como quando reduz o seu ritmo. Por alguns anos, veio crescendo de forma surpreendente, ajudando os seus vizinhos asiáticos como todo o mundo. Agora passa por uma necessidade de reforma para depender mais do seu mercado interno do que da exportação, além de resolver os problemas do seu endividamento, inclusive informal. Necessita, também, reduzir a importância do seu setor estatal, ao mesmo tempo em que precisa ampliar a sua transparência política, permitindo uma liberdade democrática aspirada por aqueles da sua população que já conseguiram uma significativa melhoria do seu padrão de vida. Michael Pettis, que é professor da Universidade de Pequim, é um dos que mais tem escrito sobre esta economia e seus problemas, como já diversas vezes abordado neste site.

Apesar do atual governo da China manter uma meta de crescimento mínimo de 7% ao ano no atual quinquênio com seus novos líderes, Michael Pettis vem afirmando há algum tempo que o possível dentro do ajustamento indispensável é um crescimento de 3 a 4% ao ano, afirmando que não se trata de uma projeção, mas o que ele pode concluir diante de uma série de hipóteses que formula, dentro de um modelo de análise que não é econométrico. Ele expressa que este ritmo pode se prolongar por uma década ou mais, o que vem fazendo no seu site muito utilizado por todos que se interessam sobre a China. Ele afirma que mais recentemente vem sendo consultado até por organismos internacionais, que também expressam suas preocupações sobre esta importante economia que continua impactando fortemente sobre as demais, inclusive sobre o Brasil.

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Michael Pettis

Mesmo que muitos considerem que as estatísticas chinesas, inclusive as estimativas sobre suas contas nacionais sejam precárias, os que se dispõem informam que o consumo das famílias sobre o PIB chinês é extremamente baixo, em torno de 35% e que deve se elevar com as reformas necessárias.

Considerando a média estimada para o mundo é que este consumo está em torno de 65% do PIB, sendo que as mais elevadas como nos Estados Unidos ou na Europa periférica chegam a 70% do PIB. Em qualquer hipótese, a chinesa é extremamente baixa, mesmo que comparando com as asiáticas de média baixa, excluindo a chinesa, que estaria na faixa de 50 a 58% do PIB. O que é presumível é que ela deverá elevar-se tanto considerando o que vem sendo perseguido pelo governo chinês, como as tendências observáveis nos países que chegaram ao seu nível de desenvolvimento.

Muitos países como os Estados Unidos e os periféricos da Europa estão procurando elevar a sua poupança, e mesmo no Japão que é um país com relativamente baixo consumo surge a necessidade de redução do seu déficit público. Os desequilíbrios entre o consumo e as poupanças levaram, segundo o autor, aos desequilíbrios atuais.

Seria razoável, segundo Michael Pettis, supor-se que o consumo chinês chegue a elevar-se até 50% do PIB. Poucos países, e por curto período, conseguiram poupanças que vão além dos 35 a 40%, e os chineses estão acima destes percentuais.

A China não conta com um mercado de capitais desenvolvido, e comparando com outros países emergentes, os seus investimentos podem manter-se ao nível dos 35 a 40%, havendo muitas dificuldades para este ajustamento para baixo. Segundo Pettis, o nível ideal estaria em torno de 30% do PIB. Mas o mais provável é que haveria flutuações neste processo de redução, podendo se formular hipóteses diferentes para um nível de 40% e de 35%. Com exercícios matemáticos, o crescimento da economia poderia variar de menos 2% a mais 10%, como o autor coloca numa tabela, supondo diferentes taxas de investimentos, considerados os mais plausíveis e os mais difíceis.

Muitas outras hipóteses são formuladas pelo autor, e ele acaba chegando a crescimentos de 3 e 4% do PIB, considerando as mais razoáveis com um crescimento muito acentuado do consumo. Sobre as observações de que estes aumentos dos consumos são exageradamente elevados, ele cita outros exemplos asiáticos que se observaram na Ásia.

De qualquer forma, trata-se somente de exercícios que utilizaram hipóteses consideradas mais plausíveis pelo autor, o que ele não coloca como projeções.



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