Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Inusitada Agressividade na Proposta para o TPP

21 de setembro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , ,

O Japão é um país que ingressou nas negociações da TPP – Transpacif Partnership tardiamente, dentro da nova orientação do primeiro-ministro Shinzo Abe procurando mecanismos para ativar a economia japonesa, dentro do programa que ficou conhecido como Abeconomics. Uma notícia publicada no The Japan Times, com base nas informações provenientes da agência noticiosa Kyodo, informa que quatro países, Austrália, Nova Zelândia, Cingapura e Chile, estão propondo a eliminação de todas as tarifas de importação, tanto para produtos industriais como agrícolas. A atual reunião preparatória está sendo realizada em Washington, visando a próxima reunião de cúpula programada para outubro em Bali, na Indonésia.

Os principais negociadores dos 12 países do Pacífico estão forçando o Japão, a segunda maior economia do novo bloco, para abrir o sensível mercado dos produtos agrícolas, que inviabilizaria o setor rural japonês, já fragilizado tanto pelas dimensões de suas unidades produtoras como pelas contaminações das radiações provocadas por Fukushima. Elas dificultam a colocação dos seus produtos no mercado interno, como não permitem as suas exportações. Ainda que a participação na economia da agricultura japonesa já seja insignificante, o setor rural pelo sistema de voto distrital acaba tendo ainda uma importância política.

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O Japão está negociando seu ingresso e o Canadá e México estão convidados

Os japoneses não vinham participando até agora das negociações e começaram agora com a reunião de Washington, e todos esperam que em Bali o esboço básico do TPP possa ser aprovado. Mas as pressões internas do Japão estão exigindo a necessidade de proteger sua indústria de açúcar que é produzido da beterraba, salvo em Okinawa, arroz, trigo, carne, porco, leite e outros produtos que ficariam inviáveis de serem produzidos no Japão.

As atuais negociações demandarão ainda muitas outras duras, mas no momento estão em níveis inusitados quando comparados com outros acordos de livre comércio, inclusive para uma ampla lista de produtos industriais, que chega próxima da totalidade.

O Japão trocou as listas dos produtos com Brunei, Nova Zelândia, Malásia, México, Peru e Cingapura, mas num nível modesto que envolve cerca de 80% dos produtos comercializados.

Tudo indica que as negociações levarão as inclusões a um nível razoável aceitável para todos os membros, mas as agressividades atuais impressionam, mostrando uma tendência para fortes especializações entre seus membros. Na realidade, se vierem a ser aprovadas, acabarão prejudicando os que não fazem parte do mesmo, como o Brasil, não contribuindo para a integração mundial, mas a formação de indesejáveis blocos.

O que pode se esperar é que, como reação, outros países acabem acelerando seus entendimentos para formação de outros conjuntos, ou acabe se negociando acordos gerais como os promovidos no âmbito da OMC – Organização Mundial do Comércio que se encontra paralisado no momento.



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