Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Matérias Interessantes no Eu & Fim de Semana

29 de setembro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , ,

Todos sabem que a Feira de Livros de Frankfurt está entre as mais importantes do mundo e, na próxima que estará funcionando entre 9 a 13 de outubro, o Brasil será o país homenageado, como consta do artigo de Joselia Aguiar publicado no suplemento Eu & Fim de Semana do jornal Valor Econômico. Contará um espaço especial de cerca de 3 mil metros quadrados, devendo enviar uma apreciável equipe de cerca de 70 autores. Uma jornalista estrangeira que participava da entrevista coletiva sobre o assunto, vendo a lista dos autores brasileiros que participarão do evento, perguntou sobre a presença dos índios brasileiros. Na realidade, o tema indígena vem sendo abordado por diversos autores, mas somente um é autor de destaque, Daniel Munduruku, que estará presente ao evento. Lamentavelmente, ainda que o Brasil seja um país cuja população conta com a contribuição de diversas etnias estrangeiras, pouco restou dos muitos seus habitantes originais que aqui já se encontravam antes de sua “descoberta” pelos portugueses.

O artigo que tem o título “Brasil em edição revista e ampliada” informa que a escolha do país costuma ser anunciada com três anos de antecedência permitindo quadruplicar os títulos brasileiros traduzidos para o alemão. O curador brasileiro, Costa Pinto, escolheu os autores pela diversidade das suas especialidades, sendo que alguns não puderam atender os convites. Mas espera-se que os resultados finais sejam encorajadores, com vendas expressivas naquele mercado internacional, que não se restringe somente à Alemanha. A seleção dos autores ocorreu com a participação de sete críticos, pesquisadores e jornalistas especializados. A avaliação final ocorrerá no III Colóquio Internacional da Literatura Brasileira, que ocorrerá em abril do próximo ano na Universidade de Georgetown, em Washington, USA.

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Michel Laub

Entre estes autores brasileiros, o suplemento Eu & Fim de Semana selecionou Michel Laub que vem sendo reconhecido no Brasil e no exterior. Ele foi entrevistado por Cadão Volpato nas dependências do restaurante Aizomê, que costuma frequentar. Uma parte grande da matéria descreve este restaurante, informando que foge do usual dos japoneses em São Paulo, auxiliando na sua divulgação.

Localizado nos Jardins da Capital paulista, o artigo informa que em vez do comum salmão, o destaque é mesmo o atum apresentado de forma diferente, junto com outros pratos que envolvem ostras, “magret” de pato, purê de mandioquinha, berinjela à milanesa com toque de azeite trufado, “foie gras”, “tiramisu” de tofu, um verdadeiro encontro entre a gastronomia do Ocidente com o Oriente.

A entrevista foi efetuada numa sala reservada que, apesar de ser de tamami, conta com um espaço para colocar confortavelmente as pernas, diferindo do que consta dos filmes de Yasujiro Ozu, que filmava do nível dos personagens. Aliás, um precioso DVD acabou de ser lançado contendo 5 dos seus mais internacionalmente consagrados filmes, inclusive o mais clássico “Era uma vez em Tóquio”, considerado pelos diretores do mundo todo como o que mais influenciou a todos.

Na entrevista, o seu autor registra que Michel Laub, nascido em Porto Alegre, exerceu diversas atividades jornalísticas em São Paulo, mantendo ainda uma coluna quinzenal na Folha de S.Paulo. Considera-o um memorialista, usando o estilo de usar a primeira pessoa, mesmo nos assuntos que não se refere a ele, tratando-se de ficção com base em alguns eventos.

Seu último livro, “A Maçã Envenenada”, como muitos dos seus livros, acaba sendo triste, um tanto trágico, ainda que ele não se considere uma pessoa com estas características. Já foi músico, e o último evento se baseia na história do suicídio de Kurt Cobain, líder do conhecido conjunto Nirvana. Seus inúmeros livros estão sendo editados pela Companhia das Letras.

O escritor anuncia a sua intenção de evoluir para a não ficção. Ele acompanha o que vem acontecendo na literatura mundial, lendo muito do que está sendo produzido, e menciona, por exemplo, Andrew Solomon, que escreveu “Longe da Árvore – Pais e Filhos em Busca da Liberdade”, editada em português pela mesma Companhia das Letras, que envolveu mais de 300 entrevistas.

Michel Laub, que o entrevistador considera um gaúcho zen, entende que a ficção é muito difícil, pois tudo é dúvida. Quisera ter tempo para apreciar tudo isto que está acontecendo na literatura brasileira, com o sonho de colaborar com algo modesto.



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