Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Muito Além do Homo Economicus

16 de setembro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , ,

Este site vem insistindo que as hipóteses restritas de alguns setores acadêmicos que os seres humanos se movem concentrados nos seus interesses econômicos não corresponde à realidade. Somos mais complexos e movidos por interesses de diversas naturezas. Um brilhante artigo de Tania Singer, diretora do Departament of Social Neuroscience, Max Planck Institute for Human Cognitive and Brain Sciences, publicado no Project Syndicate, ilustra muito bem este assunto, que encontra muitas comprovações com o auxílio de outros conhecimentos. Segundo ela, a humanidade enfrenta problemas globais como as mudanças climáticas, os esgotamentos de alguns recursos naturais, a crise financeira internacional, as deficiências de educação e saúde, os problemas da pobreza em muitas regiões, da insegurança alimentar de grandes segmentos da população e todos os desafios relacionados com o convívio pacífico de diferentes povos.

As políticas econômicas implementadas pelos diversos países não conseguem superar os problemas existentes. Muitos indivíduos acabam isolados, numa sociedade muito fragmentada, fazendo com que doenças relacionadas ao estresse encontrem em ascensão, sem que os sistemas de governança não sejam capazes de melhorar a situação. Tudo indica que abordagens novas devem ser tentadas, começando com mudanças fundamentais na forma de motivação humana e cognição que ainda não estão suficientemente reconhecidos.

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Tania Singer

Segundo Tania Singer, o conceito de homo economicus, segundo o qual os seres humanos são atores racionais que tomam suas decisões com base em seus estreitos interesses econômicos, tem dominando o pensamento político nas últimas décadas. Mas ela entende que não é a única motivação do comportamento humano, não sendo suficiente para superação dos problemas atuais.

Há preocupações com a situação social como altruísmos, que poderiam ajudar os sistemas econômicos e políticos nas áreas em que houve falhas. Devemos concordar com ela que a compreensão da natureza humana exige uma ampla abordagem multidisciplinar, que vai além das ciências sociais que já estão esquecidas por muitos.

Nos últimos anos houve, segundo a autora, um grande avanço nos conhecimentos da biologia evolutiva, psicologia e antropologia, com o surgimento de novos campos como a neuroeconomia, neurociência afetiva e social, e neurociência contemplativa, mostrando que os seres humanos são motivados pelas preferências sociais e outros aspectos relacionados com o bem-estar e direitos sociais.

Ela acrescenta que os seres humanos são levados a ajudar os outros por sentimentos de simpatia e compaixão, nem sempre prevalecendo o individualismo que é sugerido nas culturas ocidentais. Os cérebros humanos são conectados com emoções e muitos são os fatores motivacionais. As pesquisas efetuadas sugerem que as preferências humanas são mutáveis, relacionadas com ameaças bem como cuidar de outros com os quais existem afinidades sociais.

A neurociência contemplativa começou a oferecer provas das plasticidades das preferências sociais e motivações para os seres humanos. Programas de treinamento podem elevar as preocupações com as motivações sociais, como solidariedades com as angústias dos outros, eliminando situações de estresses.

Estes conhecimentos começam a ser incorporados na microeconomia e neuroeconomia, influenciando na análise das tomadas das decisões. São resultados promissores que permitem o treinamento mental para beneficiar agentes econômicos, empresas, autoridades políticas, objeto também de instituições de pesquisa de opinião.

A autora afirma que os seres humanos são mais capazes do que movidos pelo egoísmo e materialismo. Somos capazes de construções sustentáveis, equitativas e sistemas políticos, econômicos e sociais. Sua recomendação é que os líderes mundiais incentivem as pessoas a satisfazer as suas potencialidades sócio-emocionais e cognitivos completos, ajudando a criar um mundo em que todos podemos viver.



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