Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Entrevista de Lakshimi Mittal na Folha de S.Paulo

13 de outubro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , ,

Quando a Folha de S.Paulo entrevista Lakshimi Mittal, CEO do maior grupo siderúrgico do mundo, há que se prestar atenção às suas informações, ainda que ela tenha sido prestada pelo e-mail, com todo o cuidado. Como todos os grandes empresários, com tradição familiar no setor industrial pesado, revela um otimismo moderado com uma visão de longo prazo. Pois, na realidade, a China, hoje a maior produtora de materiais siderúrgicos, com capacidade para um bilhão de toneladas ano, está utilizando somente 70% de sua capacidade, situação que não é muito diferente em todas as partes do mundo, mas voltado basicamente para o mercado interno. Ele acredita que a China vai continuar a demandar produtos siderúrgicos, notadamente na demanda para a infraestrutura e produções que devem ocorrer no Oeste chinês, menos desenvolvido que a parte litorânea.

A grande marca dos empresários do setor pesado é que possuem uma visão ampla, dando importância para o desenvolvimento tecnológico, fundamental para o que acontecerá no futuro de muitas décadas, ainda que considerem as situações presentes. E o setor siderúrgico, apesar das dimensões dos seus investimentos, passa por um período de grandes transformações com novos produtos voltados para as condições atuais, que exigem economia de energia e desafios para a exploração de recursos menos poluentes em condições mais difíceis. A indústria pesada, pela sua natureza, não conta com flexibilidades para mudanças rápidas, pois seus investimentos demandam anos para se efetivar, o mesmo acontecendo com suas desmobilizações.

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Lakshimi Mittal

No Brasil, o grupo Acelor Mittal possui a grande usina de Tubarão, que foi construída pelos japoneses para a produção de chapas grossas, tanto as voltadas para a indústria de construção naval local como para a exportação. Portanto, o entrevistado está informado com o que acontece no país.

Ele revela claramente que a economia local, mesmo beneficiada com os recentes ajustamentos cambiais, necessita de reformas substanciais para se manter competitiva, mesmo que ele seja otimista como bom empresário, sobre o futuro da economia brasileira.

Ele revela que as incertezas sobre o soft landing da economia chinesa estão se reduzindo, e deve estar muito informado sobre o que deverá ocorrer naquele país, que está tentando introduzir as reformas para depender mais do mercado interno, reduzindo sua dependência das exportações.

Muitos empresários brasileiros se queixam dos elevados impostos, dos câmbios ainda defasados, dos elevados juros, das ineficiências da infraestrutura, e todas as burocracias que acabam resultando nos elevados custos que denominam Brasil. Na realidade, quando um empresário como Lakshmi Mittal fala da necessidade de reformas, conhecendo o que acontece em todo o mundo onde atua, ele está expressando a falta de uma política de longo prazo, que tenha diretrizes claras para o setor industrial, notadamente das condições para a competitividade internacional.

Envolvem incentivos às pesquisas e melhorias no setor educacional de alto nível, bem como a ampla assistência social a todos os recursos humanos. Não efetuarão investimentos adicionais nas econômicas que não apresentarem perspectivas boas no longo prazo, que sejam competitivas com relação ao resto do mundo. Ainda que colocadas de forma genérica, suas observações devem ser consideradas por todos os brasileiros, principalmente pelas autoridades, com a devida seriedade.



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