Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Financial Times Publica Dois Artigos Sobre a China

21 de outubro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: , ,

Um artigo de Lydia Guo e outro de Simon Rabinovich do Financial Times tratam de problemas que estão sendo enfrentados pela economia chinesa. No primeiro, informa-se que o Conselho de Estado da China estabeleceu um plano de cinco anos para lidar com o problema de excesso de capacidade existente em alguns setores produtivos, e o segundo, do problema do plano de construção de 36 milhões de residências, todos envolvendo subsídios difíceis de serem controlados, mesmo dentro de um regime autoritário de orientação socialista. O Financial Times tem um nítida tendência liberal e é dos organismos da imprensa mundial que vem sendo critico ao governo da China, apontando suas dificuldades com estes gerenciamentos dos subsídios.

No caso das indústrias, informa-se que existem setores onde a capacidade de produção utilizada gira em torno dos 70%, entre eles a de produtos siderúrgicos, cimento, alumínio, vidros planos e construção naval. Como os prejuízos das estatais são elevados, deverão ser tomadas medidas para ajustamento em cinco anos, que deverão resultar em desemprego e aumento dos empréstimos incobráveis dos bancos. Um dos destaques é a Tome Rongsheng Heavy Industries, a maior com construção naval privada na China, que está com uma dívida bruta de US$ 5,3 bilhões. Seus empregados estão em férias coletivas obrigatórias, o que também provoca greves dos mesmos.

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Muitas destas dificuldades foram geradas pelos incentivos do governo central para as diversas províncias acelerarem seus programas de desenvolvimento, basicamente com subsídios dos bancos oficiais. Algumas províncias utilizaram também outros recursos, como do mercado financeiro paralelo, pois as promoções de muitos dos administradores locais dependiam dos seus resultados na obtenção das metas estabelecidas. Com o desaquecimento que ocorreu na China e no mundo, os investimentos em infraestrutura e na ampliação das residências acabaram sendo afetados, derrubando suas demandas e tornando suas exportações difíceis.

No caso das residências, apesar da carência para o atendimento da população, inclusive com subsídios para os menos favorecidos, teme-se a ocorrência de uma bolha no setor. Muitos investidores se sentem seguros com suas propriedades imobiliárias, mesmo sem contar com os subsídios. Sem uma avaliação correta dos projetos, sempre ocorrem desajustamentos entre as ofertas e as procuras, principalmente com os desenvolvimentos desiguais entre as diversas regiões chinesas.

Mesmo nas economias totalmente dependendo do mercado, estas diferenças costumam ocorrer tanto nos setores básicos como imobiliários. Entre as decisões dos investimentos até o pleno funcionamento dos projetos existem defasagens inevitáveis, que acabam provocando as flutuações e os ciclos econômicos. No setor imobiliário, nem sempre existe uma completa racionalidade no mercado, havendo muitos comportamentos de manada, que provocam momentos de euforia como de depressão.

Numa economia gigantesca como a da China, com muitas decisões centralizadas, que partilham com as autoridades locais algumas decisões, não ocorrem às devidas coordenações, agravadas por decisões de origem política.

Os ajustamentos necessários demandarão prazos longos e as autoridades chinesas parecem conscientes destas dificuldades e parecem procurar estabelecer planos para o seu ajustamento com custos sociais mais baixos, ainda eles seja,m inevitáveis.



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