Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Jornalistas Indianos Esclarecem Problemas da Índia

15 de outubro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: , , ,

Um dos problemas comuns entre o Brasil e a Índia é a falta de explicações dos seus problemas no exterior. Um simpósio organizado em Tóquio pelo Keizai Koho Center com jornalistas indianos permitiu suprir parte desta lacuna, assunto que foi divulgado pelo The Japan Times num artigo elaborado por Takashi Kitazume, procurando mostrar o potencial da crescente classe média em expansão naquele país. Participaram das exposições Sankhadip Bas, do diário Anandabazar Patrika, Bharat Bhushan, do Conselho Indiano de Pesquisas em Ciências Sociais, Subhomoy Bhattacharjee, do Indian Expres, e Kaushik Mitter, do Asian Age.

Como é sabido, a Índia e o Japão firmaram um acordo entre seus governos onde o Japão ajuda na implementação de um corredor de exportação de Delhi a Mumbai, suprindo uma das grandes dificuldades de infraestrutura do país. Muitas empresas japonesas estão presentes na Índia, mas somente agora começam a entender as mudanças de comportamento daquele mercado, e os jornalistas procuraram esclarecer os problemas que enfrentam, inclusive com as próximas eleições que podem mudar a orientação do atual governo, que não vem contando com elevado prestígio na condução de sua gigantesca economia. A Índia, que também sofreu uma desaceleração no crescimento de sua economia, ainda não conta com um plano como o que vem sendo elaborado pela China.

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Subhomoy Bhattacharjee (right) of the Indian Express daily discusses the Indian economy during a symposium in Tokyo, as Kaushik Mitter of Asian Age listens. | SATOKO KAWASAKI

Os jornalistas explicaram que, mesmo com as eleições, a orientação geral da Índia deverá continuar a mesma, com as mudanças de alguns líderes. Foram discutidos os problemas das mudanças de condições do mercado do seu consumo, desenvolvimento da infraestrutura, oportunidades de investimentos e perspectivas políticas, que não costumam ser bem estudados pelos japoneses.

Os jornalistas explicaram que os japoneses não foram capazes de entender o mercado indiano e sua sensibilidade aos preços, o que os coreanos conseguiram. Agora, os japoneses estão se voltando para os setores de alta tecnologia, considerando a realidade do mercado local, constituída de muitos jovens ansiosos pelas novidades mundiais, como também ocorre no Brasil.

Na indústria automobilística, os japoneses procuraram o mercado dos modelos baratos e os mais caros, quando os coreanos conseguiram bons a preços razoáveis. Agora, os japoneses procuram produzir os que são especificamente destinados ao mercado indiano, que são de menores portes, inclusive que permitem às mulheres que usam sári com roupas.

No caso brasileiro, os combustíveis são precários, como as estradas e as vias públicas urbanas. Os japoneses possuem melhores tecnologias nos híbridos, mas não no flex, o que recomendariam veículos mais rústicos, ao lado da faixa elevada que procuram adquirir os que são lançados no exterior. Tudo isto mostra que as empresas japonesas não estão estudando adequadamente os mercados com os quais procuram operar.

Mesmo na Ásia, os modelos que são adequados para a Malásia ou Indonésia precisam ser adaptados para a Índia, que conta com um maior número de jovens na faixa dos 25 a 35 anos, dispostos a pagar pelas tecnologias melhores. Eles estão consumindo produtos de comunicação mais caros, com todas as suas constantes inovações.

Existe também uma massa de indianos de baixa renda, mas o seu top de um ou dois por cento já é um mercado expressivo, dada a dimensão de sua população, que tende a se tornar a maior do mundo, superando a da China. A classe média indiana também está crescendo, ainda que a chinesa esteja bem a frente dela. Os consumidores indianos se tornaram muito exigentes.

As melhorias de comunicações internacionais estão disseminando este desejo, tanto na Índia como no Brasil, comparável com os dos países desenvolvidos, tornando-se um mercado inteligente. As reclamações sobre a infraestrutura parecem idênticas para todos.

Está havendo alterações na legislação de terras na Índia, como em muitos outros países de influência inglesa, onde este aspecto era considerado do Estado, ainda que sejam dos governos provinciais, havendo uma tendência dos seus processos se tornarem mais transparentes.

Existe carência de recursos de longo prazo para os projetos de infraestrutura, que necessitam contar com os externos só possíveis para as mais ricas, tornando-se um problema sistêmico. Os japoneses sempre tiveram problemas para a adequada avaliação dos imóveis. Também existe um desequilíbrio regional na Índia que precisa ser considerado.

Também a Índia precisa efetuar muitas reformas, pois houve uma desaceleração de um crescimento que era elevado, para um mais modesto, havendo necessidade de uma coalizão, qualquer que seja o resultado eleitoral. Também existe uma tendência para um sistema mais liberal, mesmo com um elevado número de partidos, mas os ritmos das reformas serão mais lentos. Existem problemas que estão na alçada nacional, e outras nas locais.

Tudo indica que as complexidades, tanto na Índia como no Brasil, apresentam muitas similaridades, mas acabarão tendo que de ser enfrentadas, até por causa das pressões populares, sendo que naquele país as dimensões populacionais superam cerca de sete vezes à brasileira.



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