Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Os Doentes Terminais nos Hospitais Japoneses

22 de outubro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Saúde | Tags: ,

Num levantamento efetuado pelo jornal Yomiuri Shimbun em 53 hospitais, 15 declararam que pararam de utilizar meios heroicos para manter a vida com os usos de respiradores artificiais ou máquinas coração-pulmão para pacientes com mínimas chances de recuperação, o que representa quase 30% dos pesquisados. Os resultados sugerem que alguns hospitais estão aceitando os desejos dos pacientes ou de seus familiares para pararem com tratamentos que prolonguem a vida quando já não existem mais esperanças de recuperação. Também foram pesquisados 262 centros médicos de emergência para pacientes em eminência de morte, mediante questionários enviados, e 168 responderam que não adotam medidas heroicas para mantê-los vivos artificialmente, ou seja, 64%.

Muitos hospitais informaram que pararam de utilizar estes meios artificiais para prolongar a vida daqueles que não contam com possibilidade de recuperação. Todos estes levantamentos mostram que os japoneses são pragmáticos com relação à morte, que consideram um fato normal. Os prolongamentos artificiais envolvem diálises artificiais, com agentes hipertensores, os fluidos de suporte nutricional, além dos respiradores artificiais e máquinas pulmão-coração. Com o desligamento destes equipamentos, o passamento costuma ocorrer em poucas horas, ou em poucos minutos. Alguns hospitais só aceitam as medidas depois das paradas cardíacas definitivas.

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Estas atitudes dependem da cultura de cada povo, não podendo se condenar ou aceitar as decisões que são de outros, independentemente das considerações morais. O que tem acontecido no Japão é o aumento do número de médicos que aceitam a parada de medidas para o prolongamento artificial da vida, segundo especialistas universitários.

Na pesquisa efetuada pelo jornal com os idosos japoneses, 80% responderam que não desejam receber tratamentos que prolonguem suas vidas de forma artificial. O artigo relata diversos casos concretos e os responsáveis pelos pacientes, seus familiares, mostram-se comovidos com outras experiências passadas, e não desejam que o mesmo aconteça com aqueles que estão agora dependentes.

Ainda assim, existem preocupações dos médicos sobre acusações que estariam encurtando a vida, mesmo em condições críticas. Houve casos em que os médicos foram acusados de desligar respiradores artificiais. Muitos casos examinados terminam por concluir que não pode se atribuir os passamentos às ações tomadas.

Muitos japoneses estão preocupados com a morte com dignidade, ainda que a legislação não seja muito clara. O Ministério de Saúde, Trabalho e Bem-Estar do Japão lançou em 2007 um guia para os cuidados terminais, o que evidencia a necessidade de discussão da questão entre familiares e médicos. Muitas decisões são tomadas por mais de um médico.

Ainda que estas questões sejam dramáticas, são casos em que suas discussões se tornam necessárias, principalmente quando nem todos os recursos médicos estão disponíveis para uma larga parcela da população, ainda em condições de recuperação. Isto não acontece somente no Japão.



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