Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Pragmatismo Econômico e Político na Ásia

27 de outubro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: , , ,

São muitos os artigos publicados nos meios de comunicação social relevantes no mundo referindo-se às desacelerações do crescimento econômico que se observa na China. Mesmo os dirigentes chineses como seus acadêmicos também se referem às dificuldades que precisam enfrentar com reformas substanciais, passando de uma economia que dependia muito da sua exportação para manter o seu elevado ritmo de crescimento das últimas décadas. Agora terão que depender da ampliação do seu mercado interno, que ainda conta com um nível de renda per capita relativamente baixo comparado com os países considerados desenvolvidos, bem com uma distribuição regional e pessoal de renda que se agravou com a disseminação dos mecanismos de mercado. Também enfrentam deficiências no seu sistema público, tanto com as estatais como com a existência de um mercado financeiro paralelo.

O China Daily, órgão oficial do governo chinês, na sua edição eletrônica voltada para os Estados Unidos, publica dois artigos merecem atenção. Um escrito por Zhao Huanxin refere-se aos entendimentos que autoridades chinesas estão efetuando com os japoneses, utilizando uma manifestação do chefe do escritório de Informações do Conselho de Estado da China, Cai Mingzhao, que apesar dos 41 anos da normalização das relações diplomáticas os avanços não foram significativos, na presença do embaixador japonês na China, Masato Kitera. Outro artigo escrito por Li Jiabao, afirmando que o primeiro-ministro chinês Li Keqiang prometeu atualizar o Acordo de Livre Comércio da China com o ASEAN – Associação dos Países do Sudeste Asiático.

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Primeiro-ministro chinês Li Keqiang e  Cai Mingzhao, do Conselho de Estado da China

O fato concreto é que todos estes países, a China, o Japão e os membros do ASEAN, enfrentam problemas para ativar a sua economia e conseguir avanços políticos, ainda que tenham entre si suas diferenças como os relacionados com a política externa. Dependem fortemente do aumento do seu intercâmbio externo, o que procuram conseguir com entendimentos para uma maior liberalização dos seus comércios regionais, ainda que também enfrentem resistências internas. Eles estão adotando atitudes pragmáticas para conseguirem os resultados, e os chineses com suas influências em toda a Ásia, sempre foram bons comerciantes.

Uma grande delegação empresarial japonesa visitará a China em novembro próximo, prosseguindo os entendimentos que foram realizados no mês passado com a visita de empresários chineses ao Japão. Os japoneses se mostram preocupados com as deteriorações recentes dos climas entre os dois países, entendendo que esforços em todos os níveis precisam ser efetuados. Existem 353 cidades irmãs nos dois países.

Os dois países esperam estabelecer um sistema de gestão de eventuais crises. Zhao Qizheng é o presidente do 11º Comitê Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, principal órgão consultivo da China para negócios estrangeiros. Ele afirmou que o fórum é uma demonstração do desejo de melhoria das relações bilaterais.

Do lado japonês o ex-embaixador na China, Yuji Miyamoto, afirmou que o foco econômico mundial deslocou-se para a Ásia, sendo que as relações bilaterais são importantes para a região. Mas ambos os países reconhecem que existem problemas como as disputas de ilhas que necessitam ser superadas.

Na relação da China com o ASEAN, os chineses estão revelando a sua forte disposição tanto no comércio, investimentos como cooperação cultural. O primeiro-ministro chinês Li Keqiang participou de 16º Cúpula China – ASEAN. Também o presidente da China, Xi Jinping, vem visitando países desta região. Está se procurando melhorar a infraestrutura para melhorar o fluxo comercial.

Niwattumrong Boonssongpasan, vice-primeiro-ministro da Tailândia e ministro do Comércio, se mostrou favorável à proposta de modernização do acordo comercial, bem como melhoria da infraestrutura regional.

Tudo indica que os chineses pretendem utilizar o novo banco de desenvolvimento dos BRICS para acelerar estes projetos conjuntos. Em que pesem algumas diferenças nos nomes, é importante notar que muitos importantes empresários e políticos do Sudeste Asiático são de ascendência chinesa, mantendo fortes laços familiares com os que continuam na China.

Todas estas informações parecem mostrar que a China está se esforçando para incrementar suas relações com seus vizinhos asiáticos, mesmo reconhecendo algumas de suas dificuldades. Com a cultura comercial milenar que possuem, parece conveniente acreditar que acabarão por superar as dificuldades políticas, ainda que exista um receio na Ásia com o aumento do poder militar e político da China.



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