Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Rigidez Ideológica ou Pragmatismo na China

27 de outubro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: , , ,

Josef Joffe, da Universidade de Stanford, publica um resumo do seu livro que deverá ser lançado no próximo mês no The Wall Street Journal para leitura deste fim de semana, que aparenta uma defasagem com o que vem acontecendo recentemente. Ele faz um apanhado geral das histórias de um crescimento rápido no século XX e que se prolonga neste, colocando-se contrário aos sistemas despóticos como de Hitler e Stalin, analisando que a China continua no mesmo caminho, não conseguindo os resultados das democracias liberais. Na realidade, ele se mostra fortemente apegado às considerações ideológicas, imaginando que não se observam mudanças substanciais no mundo atual, que parece mais pragmático, provocando ou sendo obrigado a mudanças políticas diante dos problemas que vão enfrentando.

Este autor continua escrevendo dentro de um quadro que parece estar se alterando no mundo, não mantendo mais a rigidez ideológica do passado. Imaginar que a China atual continua mantendo os sistemas do tempo de Mao Tsé-tung, com a Revolução Cultural e o massacre da Praça Tiananmen, parece não corresponder exatamente à realidade, mesmo que não chegue ao ponto que muitos ocidentais desejariam. Tudo indica que os chineses estão conscientes que precisam evoluir politicamente, como estão conseguindo na economia que pouco tem hoje de socialista, mas até abusa dos sistemas de mercado, sofrendo a piora na sua distribuição de renda e dos efeitos cíclicos. Vamos postar neste site alguns artigos que mostram que, apesar de suas dificuldades políticas, inclusive externas, os chineses procuram entendimentos com o Japão e o ASEAN – Associação dos Países do Sudeste Asiático, aumentando suas possibilidades de ampliação do comércio com sistemas de redução das barreiras alfandegárias, que acabam determinando descentralização políticas.

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Joseph Joffe

Parece que no mundo globalizado todos tendem a se aproximar das formas políticas e econômicas com que lidam e com os problemas que enfrentam. A miséria absoluta não é mais aceitável, como as reivindicações populares se disseminam, mesmo dentro dos sistemas políticos que procuram se manter rígidos, temendo desagregações como os que ocorreram na antiga URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.

Os muitos sistemas de comunicação, que mesmo as autoridades ocidentais não conseguem controlar, fazem com que nos confins dos países autoritários ocorram manifestações populares de suas insatisfações, que são transmitidas em grandes volumes pelos meios mais inusitados para o exterior. Observa-se o que vem ocorrendo no mundo árabe, com todas as suas dificuldades ideológicas que acabam se confundindo com as religiosas.

Que existem ineficiências em todos estes sistemas, ainda que se denominem democráticos liberais ou socialistas do tipo chinês, ninguém tem dúvidas. E com o intercâmbio que continua acelerado em todo o mundo, há que se admitir que dirigentes de todo o mundo acabaram aprendendo com o que observaram ou estudaram no Ocidente.

Não se pode imaginar que a chamada democracia liberal resolveu todos os problemas sociais, que também estão sendo enfrentados pelos países onde predominam as sociais democracias. Os encargos para atendimento dos idosos e os menos favorecidos destas sociedades acabam sendo elevados, como o que se observa na China ou outros países asiáticos.

O que parece é que todos estão sendo obrigados a um pragmatismo cada vez maior, apesar de suas preferências ideológicas. Não parece haver mais um sistema econômico liberal ou socialista puro, havendo entre o preto e o branco, grandes espaços ocupados pelos cinzas de todas as intensidades.



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