Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Competente Esclarecimento de Joaquim Levy

6 de novembro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: , ,

 

Joaquim Levy é considerado hoje um dos economistas brasileiros mais competentes e concedeu uma importante entrevista para Flavia Lima publicada no Valor Econômico. Ele foi o secretário do Tesouro Nacional durante o governo Lula da Silva, esteve no FMI – Fundo Monetário Internacional e hoje é o diretor superintendente do Bradesco Asset Management – BRAM. Com grande lucidez, comentou sobre a atual e importante discussão sobre o déficit fiscal brasileiro, informando que, apesar de algumas preocupações, o Brasil está longe do abismo fiscal apontado por alguns, mas defende que as metas estejam claras para os próximos anos. Tratou de esclarecer outros aspectos importantes da economia brasileira, e sua íntegra pode ser encontrada para os assinantes do jornal no: http://www.valor.com.br/brasil/3329234/levy-descarta-abismo-fiscal-mas-defende-metas-claras.

Perguntado se o déficit preocupa mais que a inflação e o baixo crescimento da economia brasileira, ele informa que existem perspectivas positivas para as três áreas. Haveria condições para uma inflação um pouco mais baixa, um crescimento razoável e um controle do déficit financeiro, que não são firulas teóricas, mas haveria necessidade de maior clareza por parte do governo. Ele se preocupa com temas como a conectividade, sustentabilidade e inclusão, que não eram comuns no sistema financeiro. Segundo ele, se o Brasil deixar claro o que vai fazer, as condições são boas, apesar das dúvidas hoje existentes no sistema financeiro mundial.

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Joaquim Levy

Sua entrevista contrasta com a confusão que está sendo feita pelo atual responsável pela Secretaria do Tesouro do governo federal, que afirma que a piora fiscal com gastos dos programas sociais tendem a reduzir futuras despesas com a saúde. Ainda que os programas sociais tenham importância na melhoria da distribuição de renda, com o aumento da nova classe média, as demandas de saúde continuarão aumentando. Com o aumento das despesas públicas e as renúncias fiscais que foram concedidas, o quadro com a atual orientação tende a agravar-se, a não ser que a disciplina que Joaquim Levy conseguiu no Tesouro Nacional venha a ser retomada.

Apesar da elevação dos juros no mercado internacional, do ponto de vista de longo prazo, os juros no Brasil acabaram baixando, com uma elevação atual que pode ser momentânea, segundo Joaquim Levy. A política teria que se voltar para o aumento da oferta, não havendo mais necessidade de aumento da demanda.

Isto poderia ocorrer com a melhoria dos investimentos em infraestrutura, que aumentaria a produtividade da economia brasileira, contando com a participação do financiamento privado que está sendo providenciado.

O aspecto relevante seria a previsibilidade da inflação em declínio, reduzindo os riscos. Haveria necessidade de aumentar a taxa de poupança, mostrando que nem tudo pode ser destinado somente para o consumo.

A Lei de Diretrizes Orçamentárias e a responsabilidade fiscal poderiam contribuir no estabelecimento razoável do déficit fiscal bem definido, não se utilizando artifícios como os que foram feitos no passado recente. Devidamente explicado para as agências de rating, Joaquim Levy entende que não há razões para a redução da atual classificação brasileira.

Seria de vital importância que o governo observe o que foi dito na entrevista, deixando de levantar possibilidades de mudanças de nomes entre as autoridades econômicas. Desde que haja metas claras, os investidores estrangeiros continuariam interessados na sua presença numa economia com elevada potencialidade como a brasileira.



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