Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Culinária de Cingapura no The New York Times

28 de novembro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Gastronomia, Notícias | Tags: , , , ,

Quando se nota nas páginas do The New York Times um artigo de Cheryl Lu-Lien Tan, uma cingapurense de origem chinesa que reside hoje nos Estados Unidos, sobre as experiências recentes com a culinária de Cingapura não se pode evitar a intensa curiosidade. Conheci este pequeno país cidade ainda quando começava a se consolidar depois de ter deixado de ser colônia inglesa. Todos sabem que ainda era um país com um terço de população de origem chinesa, um terço de população de origem hindu e um terço de população de origem malaia, que apesar dos esforços de integração ainda continuam distintas. No que se refere à culinária, ainda deixa resquícios das influências inglesas, bem como hoje da francesa e da japonesa. Ou seja, uma fusão intensa, mais do que de sua cultura, que se consolidou com um longo período de regime autoritário esclarecido, tornar-se um enclave desenvolvido, uma espécie de capital do Sudeste Asiático.

O seu desenvolvimento econômico decorreu do que de melhor se dispunha em planejamento inspirado nas contribuições das Nações Unidas, que no pós-guerra tinha a pretensão de poder acelerar o desenvolvimento. Utilizaram-se os mecanismos imaginados pelos holandeses que permitiam aproveitar o empreendedorismo das empresas que começaram pequenas, aproveitando-se as facilidades concedidas pelo governo juntando as mesmas num barracão, tentando aproveitar as sinergias da aglomeração. Ao mesmo tempo, estimulavam-se as empresas estrangeiras, principalmente os bancos, e o incentivo para seus jovens efetuarem estudos no exterior, com a condição de voltarem para o país para dar a sua contribuição, para consolidarem Cingapura, que já tinha uma vantagem locacional. Hoje, todos sabem que esta cidade país tornou-se a grande metrópole da região, contando com portos e um aeroporto que é considerado o melhor do mundo, cujos responsáveis vem ajudar na ampliação e modernização do Galeão.

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Chilli Crab, Bamboo clam e Mutton soup at Chin Chin Eating House (foto: The New York Times)

O artigo explica ainda que, quando Cingapura era colônia dos ingleses, imigrantes chineses, como da ilha de Hainan da China, foram trabalhar como empregados domésticos das famílias inglesas. Quando os europeus da metrópole deixaram o local, muitos abriram pequenos estabelecimentos com as tradições chinesas de culinária, mas tinham já incorporados alguns componentes tropicais da região, provocando algo semelhante à chamada fusion.

Muitas contribuições foram também da Índia que se tornou fornecedora de condimentos para os ingleses e para o exterior, inclusive das pimentas e curries muito divulgadas mundialmente. Ao se tornarem desenvolvidos, não poderiam deixar de receber influências da cozinha francesa, então a mais difundida em todo o mundo. Mais recentemente, também a japonesa considerada mais saudável.

O artigo informa sobre as experiências com as memórias da autora como a cozinha de origem haianesa, levadas da ilha de Haian pelos chineses, utilizando o arroz, o frango, as costelas de porco e até o carneiro. Informa sobre muitos estabelecimentos hoje consagrados que servem o arroz com o curry, ou o arroz com frango ou carne de porco, muitas vezes grelhado com um molho de soja doce. Também estão presentes muitos frutos do mar, abundantes na região, como camarões, lulas e polvos, sempre utilizando temperos locais. Muitos são fortemente apimentados, como é frequente na região.

Mas também existem influências de outras etnias chinesas, com adaptações malaias e indianas, envolvendo alguns tipos de massas inclusive feitas de arroz. Em toda a região existem carrinhos que servem deliciosos pratos na rua, como bolinhos de arroz com alguns recheios, embrulhados em folhas de coqueiros.

Frutas tropicais também fazem parte destas culinárias, como o abacaxi, tâmaras, com legumes como tomates, pepinos, ou sementes como o amendoim. Muitas acabam sendo as que encontram no norte e nordeste brasileiros, ou semelhantes, não ficando muito claro se foram levadas da Ásia ou também contribuímos para levá-las como mangas, cocos e outros mais.

Minha experiência pessoal, além de percorrer alguns pequenos restaurantes locais, foi na inauguração de um banco brasileiro naquela cidade. Houve um show de fogos e decorações, como nunca vi num restaurante, que era de cozinha basicamente francesa. Também em Tóquio experimentei um ótimo restaurante de cozinha chinesa, cuja proprietária era de Cingapura. Tudo da melhor qualidade, digna de uma grande metrópole que passou a ser uma das melhores cidades do mundo.



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