Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

O Japão e o Relacionamento com a América Latina

14 de novembro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: , ,

Do reconhecimento realístico que o Japão não vem mantendo um relacionamento intenso e dinâmico com a América Latina e o Brasil recentemente, apesar de algumas iniciativas pontuais, o BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento, como já se tornou tradicional, vem efetuando reuniões no Japão convidando empresas daquele país para observarem as mudanças que estão ocorrendo na região. É preciso reconhecer que tanto o Japão como os países da América Latina estão concentrados em outras prioridades, tanto que os seus chefes de Governo não se concentram nestes intercâmbios, ficando as visitas oficiais para níveis ministeriais, no máximo. Por exemplo, a presidente Dilma Rousseff e o primeiro-ministro Shinzo Abe não estão preparando projetos bilaterais que justifiquem visitas recíprocas.

Na reunião do BID no Japão, o Brasil foi representado pela ministra do Planejamento, Miriam Belchior, que não tem tradição no relacionamento com os empresários e as autoridades japonesas. O embaixador André Corrêa do Lago, embaixador do Brasil em Tóquio, procurou preencher a lacuna com o que é rotineiro na sua função atual. O máximo que foi apresentado é a afirmação que o Brasil está se concentrando na elaboração da infraestrutura para o Pacífico que deverá facilitar o intercâmbio com o Japão, além do que está sendo feito. Deve-se reconhecer que estes projetos brasileiros só podem ter efeito ao longo prazo, não atendendo o cerne dos interesses bilaterais. Da parte do Japão, quem visitou o Brasil foi o ex-ministro Heizo Takenaka. Apesar destas visitas serem sempre úteis, não são marcantes suficientes para mostrar uma reversão da atual situação em grandes projetos de interesse brasileiro.

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Miriam Belchior                                                                    Heizo Takenaka

Na realidade, a América Latina é uma região com países com características diferentes, e os japoneses possuem interesses em alguns da região. É o caso do México que faz parte do NAFTA – North American Free Trade Agreement, o que permite que produtos japoneses produzidos no país tenham acesso facilitado ao mercado norte-americano. Os países em melhor situação da Bacia do Pacífico acabam interessando ao Japão, na medida em que contam com condições logísticas facilitadas.

O Brasil, pela sua dimensão e pelo tradicional relacionamento com o Japão, sempre é considerado com uma alternativa interessante, hoje para projetos específicos, que acaba sendo discutido caso a caso, envolvendo empresas privadas, sem uma maior participação oficial, salvo os tradicionais financiamentos.

Apesar das simpatias reveladas parte a parte, os japoneses estão concentrados nas atenções nos seus vizinhos, onde as cadeias produtivas globais acabam sendo facilitadas pelas condições logísticas. Nos grandes projetos brasileiros, como os relacionados com a infraestrutura, os japoneses ainda se mostram reticentes.

Da parte do Brasil, a parceria com a China acaba ficando privilegiada na Ásia, por ser a maior compradora de produtos brasileiros, contar com recursos expressivos para investimentos e financiamentos para projetos brasileiros de grande porte, enquanto os japoneses acabam ficando com pequenos projetos privados, apesar das simpatias sempre reafirmadas.

As explicações do ex-ministro Heizo Takenaka sobre as novas políticas econômicas japonesas acabam merecendo simpatias brasileiras, que apreciaria a volta da economia japonesa ao desenvolvimento, o que poderia beneficiar projetos tradicionais de suas exportações, pouco se cogitando de novas iniciativas.

Os fornecimentos privados japoneses para grandes projetos brasileiros, como o da exploração do petróleo e gás do pré-sal, acabam se restringindo aos fornecimentos privados de tecnologia e equipamentos, com os tradicionais financiamentos. Ainda que os japoneses tenham intenções de elevação de sua participação no mercado internacional de commodities agrícolas, elas ficam no âmbito das iniciativas privadas.

É até possível que um grande número de pequenos projetos acabe resultando em somas razoáveis de investimentos, com as cautelas naturais decorrentes de fracassos de expectativas elevadas do passado.



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