Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Por que a Nova Zona de Livre Comércio em Xangai

10 de novembro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: , , ,

Um artigo espetacular e esclarecedor da conhecida Zhang Monan, que é fellow do China Information Center, do China Foundation for International Studies e pesquisadora do China Macroeconomic Research Platform, foi publicado no Project Syndicate. Informa o papel da nova Zona de Livre Comércio que está sendo instalada em Xangai, um dos centros mais avançados da China e onde já se contava com 393 MNCs – Multinational Corporations em setembro de 2012. Esta é uma medida que antecipa as reformas que estão sendo decididas na China, de forma que sua economia continue crescendo conectada com o exterior, mas com a visão no dinamismo do mercado interno.

O que impressiona na emergente economia chinesa é sua capacidade pragmática para pensar a longo prazo, criando mecanismos ousados para consolidar as condições para absorver conhecimentos externos para melhorar a produtividade de toda a economia, que deixa de contar com recursos humanos baratos para dispor de tecnologias avançadas para continuar competitiva no mundo, que não vem apresentando o dinamismo que seria desejável. Promove-se uma abertura para investimentos, comércio e finanças, procurando a sua inserção numa cadeia de valor global, promovendo mais uma rodada de liberalização. Acaba provocando uma inveja no países emergentes como o Brasil, que passam por dificuldades semelhantes.

Zhang-Monan

Zhang Monan

Segundo a autora, para melhorar o seu setor industrial, a China precisa construir uma cadeia de valor nacional, que atualmente depende excessivamente das pesquisas e desenvolvimentos que ocorrem no exterior, importando matérias primas e produtos semiacabados, e depende da demanda do mercado internacional. O setor doméstico desta cadeia de valor seria demasiadamente fraco, reconhece.

Para tanto, existem três condições que estariam sendo perseguidos utilizando a zona de livre comércio de Xangai. A primeira seria a melhoria do setor manufatureiro lá localizado, aumentando a taxa de matérias primas de produtos semiacabados locais, integrando o setor orientado para a exportação com as indústrias voltadas ao mercado interno. A segunda, de conformidade com o 12º Plano Quinquenal, a cadeia de valor industrial seria estendida e aumentaria o conteúdo nacional, promovendo a coordenação dos investimentos estrangeiros e locais, enfatizando a capacidade de sua avaliação. Os instrumentos de política industrial teriam a estabilidade garantida, como os estímulos fiscais e creditícios. Em terceiro, as empresas estrangeiras seriam estimuladas para atender as especificidades do mercado interno, com desenhos locais, distribuição e serviços voltados para o mercado local; seriam otimizadas as operações entre matrizes e subsidiárias, deixando os sistemas anteriores voltados somente para o exterior.

A China estaria madura para estas mudanças. Xangai se tornaria um mercado financeiro global, com todo o seu complexo voltado para atender as necessidades internacionais, com plataformas para tanto. Ainda que existam diversas negociações em curso como o TISA – Trade e Services Agreements, o TPP – Transpacific Partnership, e o TTIP – Transalantic Trade and Investment Partnership, a China continuaria ainda vinculada às tradições do OMC – Organização Internacional do Comércio, como o Brasil.

A Zona de Livre Comércio de Xangai revelaria a sua disposição de negociar novos mecanismos, ao mesmo tempo em que vincularia com a expansão do mercado interno chinês. O objetivo das autoridades chinesas seria a expansão do mercado interno, absorvendo o que existe na cadeia de alto valor internacional. Com a expansão do mercado interno, Xangai seria um centro estratégico para sustentar um desenvolvimento relacionado com o exterior.

Algo semelhante acaba se impondo como necessidade também no Brasil, diante dos volumosos investimentos e fornecimentos para atender os grandes projetos brasileiros, inclusive de aproveitamento do pré-sal, minérios disponíveis, e aproveitando a ampla disponibilidade da biodiversidade, voltadas para o mercado interno como externo.



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