Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

The Economist Afirma Que Batista Mancha o Brasil

1 de novembro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags:

O que impressiona a todos é a deficiência das avaliações dos investidores e financiadores, oficiais e privados que deveriam estar melhores aparelhados, considerando a derrocada do grupo X comandada por Eike Batista, que mereceu até um artigo no The Economist. Muitos sabiam que havia algo de muito estranho nas obtenções de licenças de exploração de variadas jazidas brasileiras por grupos privados, que decorriam de trabalhos preliminares com o emprego de recursos públicos, que vêm se repetindo há décadas. Eike Batista não era considerado nem mesmo por alguns dos seus familiares mais chegados pelo seu caráter pessoal e exuberância nas aparições públicas. A maioria dos seus empreendimentos só existia no papel. Ainda assim, criou-se um clima emocional com divulgações exageradas, que fizeram com que investidores e financiadores nacionais e estrangeiros, que deveriam contar com uma maior capacidade de avaliação, inclusive autoridades, tivessem um comportamento semelhante ao de manadas, explicitando que muitas decisões não são tão racionais e técnicas como aparentam, mostrando toda a fragilidade do sistema.

Muitos que ganharam nas especulações deveriam ser chamados nas suas responsabilidades por entidades que deveriam cuidar do mercado de valores como as bolsas. Se eles compraram quando ainda as cotações eram baixas e venderam nos seus picos, deveriam contar com informações privilegiadas. Os pequenos investidores gananciosos, responsáveis por assumir elevados riscos, acabam arcando com expressivos prejuízos. Mas o Brasil fica manchado pela fragilidade do seu

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Lamentavelmente, Eike Batista utilizou o prestígio que foi acumulado pelo seu pai, Eliezer Batista, que assumiu parte destas estranhas operações por figurar como um dos membros do Conselho de Administração nos últimos anos.

O grupo contou com projetos e planos ousados, alguns que exigiam equipes competentes, envolvendo investimentos de longo prazo que só poderiam proporcionar retornos depois de muitos anos. As características pessoais de Eike Batista, com todo o seu exibicionismo, impressionava os incautos.

Os trabalhos de infraestrutura e os das atividades de base, além de envolverem recursos de monta, necessitam de persistência de trabalhos duros por longos períodos, sendo cercados de incertezas decorrentes das variações cíclicas que são da natureza das economias. Por mais que as autoridades possam tentar minorar os ciclos de euforia como de depressão, a história vem mostrando as limitações dos alcances dos esforços oficiais.

Se os prejuízos fosem somente privados não haveria problemas maiores, pois seria da natureza da economia capitalista, mas alguns acabarão respingando sobre o Brasil. Os bons projetos e os investimentos já feitos acabarão sendo transferidos para outros, com o preço determinado pelo mercado, com prejuízos para alguns e lucros para outros. Lamentáveis atrasos acabarão ocorrendo em muitos deles.

O que fica claro é que projetos de envergadura exigem considerações mais demoradas e profundas, não podendo ser julgados somente pelas aparências ou suas potencialidades, pois muitas incertezas são inerentes aos que exigem longos prazos. O que seria desejável é que estas lições fossem aproveitadas, mas, lamentavelmente ainda serão repetidas no futuro, diante da exagerada ganância de muitos.



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