Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Presidente do Bank of Japan entrevistado pelo FT

17 de dezembro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: , ,

Os jornalistas Martin Wolf, David Pilling e Jonathan Sobie, do Financial Times, que sempre escrevem sobre assuntos asiáticos, entrevistaram o presidente do Bank of Japan, Haruhiko Kuroda, sobre a atual política daquele banco central para o Japão nos próximos anos. A esperança de precisão é tamanha que parecem informações irritantes de acadêmicos, em que alguns têm a pretensão que a economia seja uma ciência exata. O governo japonês junto com o BOJ anunciou que perseguem uma inflação de 2% ao ano, ainda que num prazo incerto, adotando uma política que denominam “quantitative and qualitative easing”, que difere pouco da norte-americana e da inglesa, onde aquele banco central se compromete a dobrar a compra de títulos do governo japonês, ampliando o crédito a baixos juros, chegando a um prazo de vencimento médio em sete anos. Isto está provocando a desvalorização do seu câmbio e melhorando substancialmente as cotações de sua bolsa de valores.

O entrevistado informa que metade da chamada primeira flecha do Abeconomics estaria atingida, com a inflação mostrando uma inflação de 0,9% quando tinham deflação, mas que teria um longo caminho para chegar a 2% estável, a partir da qual pretende reduzir para 1% ao ano. Para quem está acostumado com inflações bem mais elevadas como os brasileiros, com grandes intervalos, tudo isto parece um sonho. Eles esperam que com isto os juros que o mercado projeta para o futuro estejam caindo, alterando também o reequilíbrio do portfólio dos bancos e outros que os mantêm, com uma moeda desvalorizada. A inflação atual, excluída a de energia e de alimentos, estaria em 0,3% de aumento. Os nove membros do Comitê de Política Monetária esperam que esta inflação esteja em 1,9% no ano fiscal de 2015, que vai de abril a março naquele país. Eles esperam que o excesso de capacidade sobre o produto potencial esteja entre 1 a 1,5%, ao mesmo tempo em que o crescimento da economia esteja em 1,5 anual, todas estimativas difíceis de serem feitas para prazos mais longos.

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Haruhiko Kuroda

É evidente que todos estes dados são estimativas ou metas, que podem ser ajustadas no tempo. De acordo com o comportamento do mercado, as políticas podem ser modificadas com pequenos ajustes, havendo outros instrumentos que podem ser manipulados pelo BOT. O que se pretende é que o banco central dê indicações para gerar as expectativas corretas do mercado.

Pergunta-se sobre a política fiscal que está elevando o imposto sobre as vendas de 5 para 8%, devendo chegar a 10%, e a resposta é que o BOT está centrado nos aspectos monetários, não se desejando envolver em política fiscal, cuja dívida pública continua se elevando, podendo gerar um problema de confiança. Na realidade, parece que as autoridades japonesas contam com a inflação como forma de reduzir os encargos desta dívida pública.

O entrevistado reafirma que a terceira flecha da Abeconomics é relevante, pois cuida das reformas para aumentar a produtividade da economia, inclusive com as mulheres continuando a trabalhar depois de se tornarem mães. A discussão encaminhou-se para o aumento dos salários que estão sendo perseguidos pelo governo.

No final da entrevista, o presidente Kuroda expressou que a diferença com os Estados Unidos e o Reino Unido é que, enquanto eles procuram manter a inflação ao nível de 2%, no Japão está se procurando chegar a este nível.



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