Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

A Foto da Família Imperial Japonesa Para o Ano Novo

2 de janeiro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias | Tags: , , | 6 Comentários »

Todos sabem que a Família Imperial do Japão é considerada a mais antiga monarquia hereditária do mundo e tudo que se refere a ela é cuidadosamente administrado pelo rigoroso protocolo, havendo uma agência especial para tanto, chamado de Kunai-cho. Muitos consideram que, apesar dos esforços do atual Imperador Akihito e da Imperatriz Michiko, mesmo comparando com as Casas Imperiais da Europa, eles são classificados como entre os mais conservadores. Isto levou Harriet Alexander, do Telegraph inglês, a considerar a foto distribuída para a passagem do Ano Novo como uma novidade rara, quando na realidade já vem se desenvolvendo um esforço para marcar as mudanças que estão ocorrendo.

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Emperor Akihito (seated 3rd L) and Empress Michiko (seated 3rd R), Crown Prince Naruhito (seated 2nd L) and his wife Crown Princess Masako watching Prince Hisahito (bottom C), son of Prince Akishino (seated 2nd R) and Princess Kiko while three princesses, (from left) Mako, Aiko and Kako, chat during a family photo session for the new year at the Imperial Palace in Tokyo Photo: AFP/Getty Images

A foto oficial mostra toda a família Imperial, com o Imperador Akihito, com 80 anos, e a Imperatriz Michiko, de 79 anos, cercados por seus dois filhos, suas esposas e os quatro netos de forma inusitadamente descontraída. O Imperador e a Imperatriz aparecem explicando ao Príncipe Hisahito de sete anos de idade um documento.

Os brasileiros que participaram dos eventos relacionados com o Centenário da Imigração Japonesa em Tóquio são testemunhas dos esforços do casal Imperial para quebrar a rigidez do protocolo. Permaneceu conversando com os convidados durante o coquetel, quando estava programada a sua retirada, inclusive com muitos abusando de fotos tiradas na ocasião.

Eles visitaram o Brasil, mais de uma vez, ainda quando Akihito era Príncipe Herdeiro.

Todos sabem que a Imperatriz Michiko não tem origem nobre, tendo sofrido para se ajustar a todas as rigorosas exigências do protocolo, ficando inclusive doente por esta causa. Todos esperavam que a Princesa Masako que também era plebeia, diplomata, com cursos em Oxford e Harvard, não tivesse que passar pelas mesmas agruras, mas também sofreu muito para adaptar-se.

As gerações mais novas, como a Princesa Mako, continuam com a tradição de estudar no exterior, tendo feito o curso na Universidade de Edinburgo, e sua irmã mais nova, a Princesa Kako, no Trinity College, em Dublin. Algo semelhante ao que já foi feito pelos seus pais.


6 Comentários para “A Foto da Família Imperial Japonesa Para o Ano Novo”

  1. Vinicius
    1  escreveu às 18:10 em 2 de janeiro de 2014:

    Eu queria saber mais sobre esses protocolos. Como são, para que a atual imperatriz ficasse meses sem conseguir falar e a princesa Masako luta contra um depressão severa a vários anos? E aparentemente, apesar dos avanços ela não está completamente recuperada, é só olha para o rosto dela.

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 19:48 em 3 de janeiro de 2014:

    Caro Vinicius,

    O problema é complexo, pois muitos casamentos, não só no Japão, são efetuados por conveniências. No Caso da Família Imperial do Japão houve um esforço no sentido dos casamentos serem feitos com não nobres, pois tudo indica que havia problemas de casamentos feitos entre um número restrito de parentes. Como nos atuais regimes monárquicos, o Japão depois da Segunda Guerra Mundial, o Imperador é somente Chefe de Estado e não do governo, ou seja, representa o Japão. Para entender o protocolo da Família Imperial, que vem sendo mudado aos poucos, é preciso um estudo especializado, havendo poucos dados divulgados. Como V. registrou houve problemas com a atual Imperatriz como a Princesa Herdeira, que eram plebeias. Todos sabem que a Diana no Reino Unido também passou por fases difíceis. Estive pessoalmente com a atual Imperatriz, tanto quando o seu marido ainda era Príncipe Herdeiro, como já Imperador. Ela se recuperou e procura facilitar as conversas com interlocutores que normalmente se sentem reservados. O próprio Imperador expressa hoje suas questões, quando antes todos recebiam instruções para falar com ele somente de pesquisas científicas de sua especialidade, que não envolviam problemas políticos e usuais. Para quem não está acostumado com estes tipos de restrições, acho que é uma situação embaraçosa, que pode gerar um quadro psicológico complexo que só pode ser avaliado por especialistas, que não sou. A atual Princesa Herdeira também tinha muitas dúvidas sobre a opção que deveria tomar, mas acredito que a pressão do seu pai que também era um diplomata de carreira muito importante foi decisivo, mas havia consciência completa do complexo quadro em que ela seria inserida. Nós, simples plebeus, não temos a capacidade de avaliar estes casamentos de conveniência, que sempre existiram na nobreza. E inclusive entre os muitos ricos herdeiros de grandes fortunas. Não tenho a capacidade de avaliação olhando somente uma fotografia, e mesmo com algumas convivências acho muito difícil fazer um bom diagnóstico. Isto acontece no mundo econômico japonês também, pois as pessoas importantes falam com códigos gerais difíceis de serem interpretados. Por exemplo, meus amigos, quando conversavam com o presidente de uma organização, faziam depois uma reunião para interpretar corretamente o que foi recomendado. Isto acontece até no Copom. onde o mercado analisa os termos dos comunicados para interpretar o seu conteúdo. Tenho a impressão que sua opinião é bastante apressada, e pode ser que nem sempre correta, como acontece com frequência entre os brasileiros. Os asiáticos, diante de suas culturas milenares, são mais complexos.

    Paulo Yokota

  3. Vinicius
    3  escreveu às 16:00 em 4 de janeiro de 2014:

    Paulo,

    Realmente tentar entender a cultura asiática é bem difícil, até porque as pessoas de menos poder aquisitivo tem maior flexibilidade, enquanto os ricos e poderosos mudam apenas nas aparências, suas estruturas continuam por muitos anos em mudanças.
    A família imprial japonesa mudou e muito sua participação na sociedade, e isso é visível entre os japoneses mas não entre os ocidentais.
    A Casa imperial japonesa, acredito eu, tem grandes dificuldades de mudar devido a imposição americana de acabar com a divindade do imperador. O imperador do Japão é considerado divino desde o início da instituição imperial. Com isso, imagina uma cultura considerada por ocidentais extremamente espiritual, cortar de uma vez com sua ancestralidade.
    Enfim, acredito que só veremos mudanças de fato apenas quando o atual príncipe herdeiro Hisahito, filho do príncipe Akishino ( que a meu ver era que deveria assumir após a passagem do atual imperador) assumir o trono do crisântemo, daqui a uns 30 anos.

  4. Paulo Yokota
    4  escreveu às 10:37 em 5 de janeiro de 2014:

    Caro Vinicius,
    Tenho dificuldade de responder seus comentários, pois não sei qual o seu nível de conhecimento sobre o Japão. Após o término da Segunda Guerra Mundial, a reforma constitucional feita no Japão não parece ter sido uma imposição norte-americana, mas uma aspiração japonesas que foi facilitada pela ocupação norte-americana. Os estudos de uma antropóloga norte-americana recomendavam que a figura do Imperador no Japão fosse a mais preservada possível, o que foi feito.
    Em que pese o seu pessimismo, estão se observando mudanças no comportamento da Família Imperial japonesa, tanto que o atual Imperador e seu primeiro herdeiro já casaram com plebeias. Se isto não é mudança radical, não sei do que V. está falando.
    Procurei informar o que notei nas minhas conversas pessoais com o Imperador e a Imperatriz, como de muitos amigos meus, o que era totalmente impossível no passado. Quanto estive com o Imperador Hirohito só pude vê-lo a uma boa distância, como os demais membros de sua família. Um velho amigo meu estava ao meu lado, um grande líder empresarial, e eu comentei que nada sentia, e ele me informou que o seu coração estava acelerado.
    O livro de Oliveira Lima, “No Japão”, publicado pela primeira vez em 1903, ele que era especialista em monarquias europeias, permite uma avaliação abalizada, pois sem parâmetros para comparação, não há como fazer avaliações.

    Paulo Yokota

  5. Vinicius
    5  escreveu às 21:56 em 5 de janeiro de 2014:

    Paulo,

    Muito obrigado pelas respostas e pelas observações, me desculpe por fazer perguntas muito simples em se tratando de um assunto tão complexo.

  6. Paulo Yokota
    6  escreveu às 09:22 em 6 de janeiro de 2014:

    Caro Vinicius,

    Este problema é complicado até para os analistas japoneses especializados no assunto.

    Paulo Yokota


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