Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

A Revolução Mundial Com o Petróleo e Gás do Xisto

16 de janeiro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: , , , , ,

Daniel Yergin, que é considerado um dos autores mais qualificados sobre energia, publicou no Project Syndicate um artigo sobre o Impacto Global do Xisto dos EUA, falando das mudanças que estão ocorrendo na matriz energética mundial, com as produções baratas naquele país, em que pesem as controvérsias sobre as poluições das águas. O Valor Econômico publicou em português um artigo de Lucy Hornby e Ed Crooks do Financial Times sobre o potencial do xisto na China, país que dispõe de apreciáveis reservas, ainda que tenham dificuldades para o seu aproveitamento. E o Brasil também pretende licitar algumas áreas onde há indícios de xisto exploráveis, e o Financial Times informa que o Brasil como a Rússia podem também ingressar nestas atividades, ainda que não estejam sendo considerados com elevada prioridade. Estão sendo discutidas as limitações de um amplo aproveitamento das iniciativas privadas, bem como existência de infraestrutura para tanto nos diversos países.

O que se espera é que os problemas de poluição das águas, bem como a sua disponibilidade na quantidade necessária, sejam resolvidos com aperfeiçoamentos nas tecnologias hoje utilizadas, considerando as diferenças das reservas que vêm se observando nas diversas áreas de ocorrência do xisto no mundo. Bem como os aproveitamentos da infraestrutura já existentes em diversos países, como de gasodutos, que variam em muitos deles.

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Daniel Yergin e mapas de reservas de xisto no Brasil e na China

Daniel Yergin informa que os esforços iniciais nos Estados Unidos com o xisto (shale) começaram em 1947, mas somente nos primórdios dos anos 2000 é que se conseguiu o atual processo chamado de fraturamento hidráulico (fracking) combinado com a perfuração horizontal. Em 2008, o seu impacto na oferta de energia se tornou notável. Hoje, o gás de xisto é responsável por 44% da produção de gás natural nos Estados Unidos.

Os preços da gasolina naquele país baixaram para um terço da Europa e um quinto da Ásia. A produção do óleo do xisto nos Estados Unidos aumentou 56% desde 2008 e a International Energy Agency estima que nos próximos poucos anos os americanos superem a Arábia Saudita e a Rússia, tornando-se o maior produtor do mundo. Os Estados Unidos reduziram suas contas de importação de gás LNG e petróleo em US$ 200 bilhões anuais, ao mesmo tempo em que aumentaram 2 milhões de emprego.

Impactos geopolíticos deverão ocorrer no mundo, fazendo com que a Europa tenha dificuldade de se manter competitiva com a sua indústria com energias mais caras. O Japão deve se beneficiar com a saída dos Estados Unidos do mercado consumidor de energia e os países do Oriente Médio teriam reduções de suas receitas com energia, enfrentando problemas para a manutenção dos seus atuais sistemas políticos.

O artigo do Financial Times aponta os interesses das grandes empresas multinacionais sobre o xisto da China que seriam as maiores reservas mundiais, ainda que suas características sejam diferentes das principais americanas. São mais profundas, encontrando a cerca de 5.000 metros, quando as melhores dos Estados Unidos como da Dakota do Norte e da Pensilvânia estejam a cerca de 1.500 metros. O sucesso americano teria sido obtido pela concorrência de milhares de empresas com suas inovações tecnológicas, enquanto a China pretende parcerias com suas duas estatais, dispondo de menores quantidades de água.

Também no Brasil, por enquanto, a Petrobras dispõe de monopólio dos gasodutos, que estão disponíveis em quantidades expressivas, fornecidas e financiadas pelos japoneses, mas tudo indica que com as concorrências para a exploração do xisto haverá possibilidade de se contar com outras empresas, inclusive estrangeiras.

O fato concreto é que as energias baratas como as provenientes do xisto determinarão a competitividade de diversos setores industriais que são as mesmas em quantidades expressivas. Seria a oportunidade para que o Brasil tenha a ousadia de modificações de suas políticas, como já ocorreu no México com o petróleo.

Ainda que existam diversos problemas a serem resolvidos, o fato concreto é que o xisto acabou por movimentar de forma expressiva a matriz energética mundial, fazendo com que nas próximas décadas muitas mudanças acabem ocorrendo nas posições das diversas economias, com grandes esforços para resolverem os problemas de sustentabilidade.

Sobre as preocupações dos ecologistas, os apologistas da exploração do xisto alegam que fontes mais poluentes como da energia proveniente do carvão mineral estão sendo substituídas, havendo avanços tecnológicos com maior eficiência, reduzindo as poluições provocadas pelo uso de combustíveis fosseis.



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