Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Café Especial Brasileiro Começa a Ser Reconhecido

30 de janeiro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: , , ,

Um interessante artigo de Carine Ferreira acaba de ser publicado pelo Valor Econômico relatando os testes que foram feitos com cafés brasileiros especiais que passam a interessar a algumas torrefadoras internacionais. Como é sabido de todos, o Brasil sempre produziu uma elevada quantidade de cafés de modesta qualidade para consumo normal ou produção de cafés solúveis. Não se dedicou à produção dos cafés de elevada qualidade, de quantidade limitada, como alguns colombianos e da América Central que ficaram conhecidos por especialistas em diversas partes do mundo. Os chamados lavados brasileiros, com cerejas selecionadas, eram em quantidade muito limitada, interessando somente a alguns gourmets.

Na Europa, principalmente, e também em alguns mercados mais sofisticados como o Japão onde se destacou a Ueshima Coffee, sempre houve apreciadores de café de qualidade, mas também de número limitado. Nas últimas décadas, este tipo de mercado apresentou um crescimento significativo, pagando preços que compensavam uma produção mais cuidadosa, ainda que de custos um pouco mais elevados. Com a produção brasileira de cafés caminhando em direção à região Sul de Minas, muitas produções passaram a ser mais cuidadas, mesmo que sempre tivessem existido algumas exceções. Um exemplo honroso era, ainda na década dos vintes do século passado, na região de Campinas, onde já havia uma produção de café sombreado na Fazenda Monte D’Este, produzida pelos japoneses, pois os grãos mais finos acabam sendo mais uniformes no seu amadurecimento, contando com menores defeitos que os melhoravam na sua classificação, além de se saírem melhor nos testes que eram efetuados.

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Recentemente, está se organizando regularmente um concurso de qualidade Cafés do Brasil “Cup of Excelence Late Harvest”, promovido pela BSCA que neste ano foi acompanhado pela jornalista do Valor Econômico e realizado em Espírito Santo do Pinhal, no Estado de São Paulo, quase na fronteira com o Estado de Minas Gerais.

Os compradores estrangeiros estão se interessando por estas atividades que permitem conhecer a qualidade dos produtos, bem como o seu rastreamento até a fazenda produtora, pois nem todos são de um só produtor, sendo que muitos pequenos estão se especializando nestes produtos que proporcionam melhores preços.

O artigo informa que o consumo do mercado internacional de cafés especiais chega a 20 milhões de sacas, sendo que o Brasil só exporá por ora de um milhão a um milhão e meio de sacas, sendo que muitos estão fazendo o chamado Direct Trade, as vendas diretas da fazenda para os comerciantes estrangeiros.

Os provadores, como os clássicos do café, fazem o teste da bebida para considerar o seu corpo, acidez, doçura, não ter fermentação nem sabores fora do padrão. Também consideram a quantidade de defeitos, no máximo de 12 a 20, considerando as diversas categorias, como de gourmet, origem certificada, orgânica e do “fair trade”.

Nesta edição do concurso participaram 25 provadores do exterior, dois brasileiros e observadores que efetuam um estágio para a função. Dos muitos apresentados, foram selecionados dez para a escolha final do vencedor, que indo a leilão conseguem cotações interessantes.

Tudo indica que existe uma boa perspectiva para os cafés especiais, pois também no mercado interno existem os consumidores que estão se interessando pela qualidade. Seria um mecanismo para proporcionar uma boa rentabilidade para produtos de pequena escala.



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