Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Complexidade da Política Externa no Extremo Oriente

5 de janeiro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: , , , | 2 Comentários »

Na política externa é que se evidencia a importância da diferença entre uma interpretação interna e as leituras feitas no exterior. A visita das autoridades japonesas ao Templo Yasukuni, como foi efetuada recentemente pelo primeiro-ministro Shinzo Abe, sempre foi interpretada pelo Japão como uma homenagem aos seus heróis do passado na defesa de sua Pátria, como é forte na tradição cultural do oriente. As dificuldades sempre decorreram por constar entre eles alguns considerados criminosos de guerra da Segunda Guerra Mundial, cujos túmulos também estão neste templo. Os chineses e coreanos, principalmente, interpretam estas visitas como exaltação dos criminosos de guerra, que contribuíram na ocupação da China e da Coreia que terminou com a derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial.

No momento em que existem disputas de ilhas entre o Japão e a China, bem como entre o Japão e a Coreia do Sul, este problemas se agravam e os japoneses procuravam superar as dificuldades com a intensificação do intercâmbio econômico com estes países, cogitando-se inclusive de um acordo de livre comércio entre os três, os mais importantes do Extremo Oriente, como já postados neste site. Mas os chineses e coreanos estão intensificando seus entendimentos, excluindo os japoneses. A Coreia do Sul evita uma visita de Shinzo Abe ao seu país. Como se ampliam os conflitos naquela região do mundo, os Estados Unidos, principais aliados dos japoneses, expressaram suas contrariedades às autoridades japonesas, como fica claro na notícia publicada no The Japan Times, com base na notícia distribuída pela credenciada agência de notícias Jiji.

48YasukuniShrine

Templo Yasukuni

A política internacional no Extremo Oriente é extremamente importante para o mundo, havendo um potencial conflito de interesses entre a China que continua aumentando a sua importância mundial ao mesmo tempo em que os Estados Unidos tentam formas de manter a sua relevância. Ambas as partes aumentam seus investimentos em capacidade militar num período em que necessitam de recursos para outras finalidades.

Existem também tentativas de manutenção dos intercâmbios entre estes dois países mais importantes no mundo atual, pois existem interesses na redução de alguns custos, ao mesmo tempo em que existem espaços para contribuírem reciprocamente na manutenção de um elevado crescimento de suas economias.

Não interessa a ninguém o agravamento da situação que já é complicada, quando muitas tentativas regionais estão sendo efetuadas para facilitar os fluxos de comércio. As prioridades atuais favorecem um entendimento entre a China e a Coreia do Sul, esperando-se que o fluxo do comércio entre estes dois países acabem superando o atual entre a China e o Japão que são os maiores parceiros mundiais.

As ousadias de Shinzo Abe com o seu Abeconomics já começam a incomodar os seus vizinhos, notadamente com a sua política de flexibilidade monetária, ao mesmo tempo em que algumas contrariedades internas também se observam. Como o Japão e o seu primeiro-ministro dependem fortemente dos Estados Unidos, tudo indica que alguns ajustamentos acabarão ocorrendo, para permitir alguns acomodamentos, no mínimo para evitar reformas constitucionais para permitir que o Japão cuide imediatamente de sua defesa externa.

Tudo indica que todos os países que estão neste complexo jogo necessitam moderar suas pretensões, num momento em que a economia mundial ainda não se recupera a um ritmo elevado, que poderia gerar oportunidades para diversos arranjos. Como ensina um ditado brasileiro: cuidado com o andor pois o santo é de barro…


2 Comentários para “Complexidade da Política Externa no Extremo Oriente”

  1. mike
    1  escreveu às 22:09 em 5 de janeiro de 2014:

    Não é segredo que ao longo dos anos os governos chineses e coreanos tem se aproveitado e estimulado em seu povo o sentimento anti-japonês, confundindo-se até com a identidade nacional. Enquanto perdurar isso, é mais proveitoso ao Japão alocar seus recursos em outros países mais receptivos a seus investimentos e parcerias, como o Brasil.

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 09:21 em 6 de janeiro de 2014:

    Caro Mike,

    Desculpe-me, mas acho que V. pode estar com uma visão distorcida. Os japoneses, ao longo da história, aprenderam a maioria das coisas da cultura asiática dos chineses via coreanos. Quem foi agredir os continentais foi o Japão, na virada do século XIX para XX. E por ter ganho a guerra, com muitas violências, acabou ficando com a impressão errada que eram superiores aos vizinhos, inclusive por ter ganho a com os russos. Na segunda guerra mundial os japoneses foram derrotados e continuam pagando agora pelos males que causaram. A atual política japonesa, que deve cuidar de sua independência sem a ajuda norte-americana, volta a transmitir o terrível espectro imperialista do passado, não aceita pelos vizinhos e nem pelos norte-americanos. Postei um artigo sobre a necessidade de: “cuidado com o andor, pois o santo é de barro…”. Tudo indica que as análises precisam ser com o mínimo de paixão.

    Paulo Yokota


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