Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Dificuldades Creditícias Chinesas Com o Mercado Paralelo

20 de janeiro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: , ,

Sempre existem os analistas brasileiros que entendem que os problemas brasileiros são de grande complexidade e que suas soluções beiram a impossibilidade. Quando se observam os problemas creditícios chineses, dentro da atual política que pretende deixar as suas principais decisões para o mercado, observam-se suas dificuldades, ainda que estejam mantendo performances invejáveis, com um crescimento elevado e baixas pressões inflacionárias. Como todos sabem, a China conta com um apreciável mercado creditício paralelo cujo controle exige cuidados para que não compliquem os seus problemas, como expresso num artigo publicado no site da Bloomberg.

Dentro das determinações tomadas pela cúpula das autoridades chinesas, o atual governo, que conta com o comando do primeiro-ministro Li Keqiang, persegue a meta para ampliar o papel do mercado nas principais decisões econômicas. Assim, o governo persegue uma redução do volume de crédito que é mais fácil de ser controlado no sistema bancário formal, que pratica uma taxa de juros mais razoável. O sistema paralelo, no entanto, que veio se ampliando de forma substancial, remunera de forma mais elevada as aplicações das poupanças, ainda que apresente um risco mais elevado. O problema é que, na medida em que os juros tendem a se elevar com as restrições, as dívidas públicas das autoridades locais tendem se tornar insolvíveis, limitando as suas possibilidades de colaborar com o programa de aumento da urbanização na China.

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É preciso compreender que na China a população sempre procurou evitar os controles das autoridades sobre seus ativos, inclusive financeiros, diante dos riscos de que parte dele fosse confiscada. Isto sempre favoreceu um mercado paralelo de crédito, que financiava uma parte das vendas à prazo de qualquer produto, principalmente os duráveis, como automóveis, imóveis e eletrodomésticos. Como o governo chinês atual persegue a ampliação do mercado interno, ele ainda depende deste mercado paralelo que costuma ser extremamente sensível a qualquer tentativas de regulamentação.

Sabe-se que as autoridades locais e o próprio sistema bancário também utiliza parte dos recursos provenientes do segmento paralelo, o que provoca uma contaminação dos custos financeiros, nos momentos em que há uma restrição no sistema formal.

O artigo da Bloomberg se baseia nos depoimentos de muitos que operam os fundos de investimentos em diversas regiões, inclusive Hong Kong que dispõe tradicionalmente de maior tradição financeira. A grande dificuldade é a adequada avaliação das instituições que estão no mercado, e, quando são informais, os seus controles acabam sendo mais difíceis, como suas avaliações de riscos.

Os bancos oficiais chineses sempre se beneficiaram dos juros baixos, e, na medida em que são induzidos a utilizarem recursos de custos mais elevados do sistema informal diante da restrição creditícia, acabam gerando dificuldades para a sua gestão equilibrada. Isto induz também a utilização de créditos externos, afetando também o câmbio.

Ainda que todas estas situações aparentem grandes complexidades para a economia chinesa, o fato concreto é que o volume de reservas externas que possuem, bem como os dados da balança comercial, fazem com que o mundo avalie o risco chinês de forma benevolente, mostrando que existem mais fatores que costumam ser considerados pelos analistas, inclusive das agências que estimulam os ratings dos diversos países.



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