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Problemas Brasileiros com a Infraestrutura Ferroviária

27 de janeiro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: , , ,

O Valor Econômico, com diversos artigos de André Borges, descreve as dificuldades que estão sendo enfrentadas pela estatal Valec nas construções dos grandes eixos ferroviários, como parte do PAC – Programa de Aceleração do Desenvolvimento. Ligam o Oeste ao Leste da Bahia, de Barreiras a Ilhéus, chamado FIOL – Ferrovia de Integração Oeste-Leste, com 1.022 quilômetros. E o Norte ao Sul de Mato Grosso, de Ouro Verde passando pelo Triangulo Mineiro e chegando ao Estado de São Paulo em Estrela D’Oeste, chamado FICO – Ferrovia de Integração do Centro-Oeste, com 681 quilômetros. Informa-se que os projetos não estavam devidamente detalhados, havendo problemas com o Tribunal de Contas da União. A Valec, originária da Vale, tinha experiências acumuladas com ferrovias que transportam minérios, que são diferentes das que se encontram muito atrasadas na execução, que se destinam mais ao transporte de produção agropecuária e outras, inclusive passageiros.

Quando se trata de minério, a massa a ser transportada é praticamente contínua, como do interior de Minas Gerais para os portos como Vitória, no Espírito Santo, ou de Carajás, no Pará, para Itaqui, no Maranhão. O FIOL e o FICO, em vez de começarem do Litoral ou suas proximidades já ligadas para o Interior, vieram tentando ser construídas do Interior em direção aos portos, não contando com cargas já existentes que fossem alcançar as grandes zonas produtoras de hoje. Assim, somente quando concluídas na sua construção passarão a ser utilizadas, começando suas atividades até se consolidarem como eixos fundamentais, tendo que contar também com cargas de retorno. No passado, estes projetos gigantescos eram executados pelo Ministério de Transportes, quando sempre se deu prioridade ao rodoviário que permite a construção de trechos que são utilizados na medida em que são construídos.

fiol

Ferrovia de Integração Oeste-Leste

ferrovia-FICO

Ferrovia de Integração Centro-Oeste

Como o Brasil não vem executando projetos ferroviários por longo tempo, as empresas de engenharia para a elaboração destes projetos não contam mais com equipes qualificadas. Só com a execução contínua destes estudos vão se consolidando equipes para a sua adequada elaboração. Não se conseguem elaborações de projetos eventuais, com a eficiência desejada.

As empreiteiras que foram selecionadas para as suas execuções contam com todas as limitações das faltas de estudos detalhados, de engenharia, ao mesmo tempo em que os orçamentos vão estourando com as demoras, que implicam em custos. Os artigos relatam paralisações em algumas execuções, prolongamentos dos prazos bem como revisões nos seus custos, com aumentos substanciais.

A construção destes tipos de obras implicam em fornecimentos substanciais de equipamentos, recursos humanos adequados, além de tecnologia para a superação dos obstáculos que vão se apresentando. Os fornecimentos como os de trilhos demandam produções que hoje não são possíveis no Brasil, exigindo volumosas importações.

As autoridades e a Valec procuram administrar todas as dificuldades com o que contam com experiências, que são limitadas, não conseguindo uma eficiência na gestão destas complexas execuções, que costumam encontrar outros obstáculos como as exigências ecológicas, os usos de terras preservadas ou reservas de toda a natureza.

As experiências passadas, principalmente de rodovias de grande porte, também implicaram em muitos problemas que foram superadas pelas autoridades e construtoras, que contavam com maior flexibilidade para a aglutinação de equipes dotadas de conhecimentos, alguns importados do exterior. Não podem ser subestimadas as imensas dificuldades a serem superadas.

Todos estes casos demonstram que não basta a vontade de execução de projetos de envergadura, mas a organização e estudos detalhados, que ainda assim acabarão exigindo adaptações na hora da execução. Os problemas de gestão que estão sendo encontrados nestes e outros projetos acabam dando uma imagem de ineficiência indesejada da equipe governamental, além de algumas suspeitas de irregularidades.



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