Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

A Porcelana Imari Que Encantou a Europa

18 de fevereiro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias | Tags: , , | 8 Comentários »

Das muitas escolas consagradas de cerâmicas e porcelanas japonesas, possivelmente a Imari é das mais conhecidas no exterior por estar sendo exportada desde o final do século XVII, ainda quando o relacionamento internacional do Japão era efetuado exclusivamente pelos holandeses, que passou por uma abertura na Era Meiji. Convidado pelo governo japonês, tivemos o privilégio de compor um grupo restrito para conhecer alguns fornos mantidos por gerações na região de Arita, na atual Prefeitura de Saga, alguns que eram considerados Tesouros Nacionais Vivos, por utilizarem as técnicas tradicionais e ter parte de sua produção adquirida pelo governo para constarem dos acervos dos Museus.

O acervo mais importante de peças Imari encontra-se atualmente no Museu de Cerâmica Oriental de Osaka. 190 peças foram selecionadas deste acervo e estão sendo apresentadas em Tóquio atualmente, no já renomado Museu de Arte Suntory, em Roppongi, que vem se destacando por excepcionais apresentações de variados objetos de arte, da mais elevada qualidade. Como é sabido, os japoneses aperfeiçoaram as técnicas aprendidas dos chineses, por intermédio dos artistas coreanos, tendo se concentrado inicialmente na região sul do Japão, mais próxima da península coreana. Sua exportação substituiu a chinesa, sendo efetuada pelo porto Imari, ficando consagrada por este nome. Um artigo publicado no Japan News, do grupo do jornal Yomiuri, relata o assunto, ricamente ilustrado com fotos de Kazuyoshi Miyoshi.

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The Museum of Oriental Ceramics, Osaka/Photo by Kazuyoshi Miyoshi

Os chineses já produziam porcelanas quando a Europa ainda contava somente com cerâmicas de baixa temperatura, como estão apresentadas no Museu de Servrés, na França. As peças chinesas ficaram difíceis de serem exportadas para a Europa diante dos distúrbios políticos na passagem da dinastia Ming para a Qing, na década de 1640. A Companhia das Índias Orientais holandesa tinha um entreposto em Nagasaki e a exportação do Japão começou em 1659. Estas peças de porcelana eram adequadas para os palácios e residências da aristocracia europeia.

As grandes peças Imari eram utilizadas como ornamentos e aparentam pouco uso. Mas existem variadas peças, como pratos e outros utensílios, todos com desenhos característicos, sendo identificados também pelos esmaltes utilizados. É comum encontrar ainda hoje peças de séculos nos antiquários de todo o mundo, que atualmente alcanças preços elevados.

Os que são apresentados nesta exposição atual destacam-se pela utilização do ouro, que já atraía os europeus desde a época de Marco Polo, mas que surpreendem os bons apreciadores de cerâmicas e porcelanas, sendo que existem escolas que mantiveram seus estilos, principalmente na região de Arita, entre os quais um bastante conhecido é o chamado Kakiemon.

Tudo indica que muitas destas peças eram encomendadas pelos europeus, onde algumas cores que eram obtidas pelos produtores japoneses também se destacavam, permitindo o desenvolvimento do chamado Japonismo no século XIX. Nesta época, a admiração era recíproca e também os japoneses se interessavam pelas obras de arte, notadamente dos artistas europeus, com destaque dos franceses.

O fotógrafo Kazuyoshi Miyoshi informa ter fotografado muitas peças Imari na Europa, tendo ficado impressionado no Palácio de Versalhes, pois Maria Antonieta tinha admiração pelas peças que utilizavam ouro do Japão.

Estas exposições no Japão são preparadas com muito cuidado, contando com catálogos e outras documentações paralelas, fornecendo um conjunto de informações, inclusive provenientes do exterior, aumentando a admiração dos interessados japoneses, que conhecem profundamente tudo que foi produzido por gerações de artistas nipônicos, bem como todas as circunstâncias que os cercam, que acabam valorizando e destacando muitas de suas melhores peças, verdadeiras matérias primas de diversas escolas de cerâmica e porcelana.


8 Comentários para “A Porcelana Imari Que Encantou a Europa”

  1. Armando Farias
    1  escreveu às 03:02 em 10 de abril de 2014:

    Você é especialista em porcelana Japonesa?
    É que tenho um serviço de mesa que foi dos meus avós, porém sem identificação de marca. Já pesquisei muito e ainda não ví nada semelhante com a pintura, apenas no desinng das peças que se assemelham as japonesas.
    Se te passar umas fotos você poderia dar uma pista?

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 08:34 em 10 de abril de 2014:

    Caro Armando Farias,

    Obrigado pelo uso do site. Não sou especialista neste assunto, mas tenho alguma familiaridade. Mande-me as fotos pela internet e pessoal, para ver se consigo algumas indicações, não havendo necessidade de uso do site.

    Paulo Yokota

  3. MARIO YETIKA SANTO IECHIKA
    3  escreveu às 19:16 em 20 de fevereiro de 2020:

    Coleciono porcelanas orientais antigas desde criança e morei quase duas décadas na Ásia,se puder ajudá-lo fico a disposição.

  4. Paulo Yokota
    4  escreveu às 09:46 em 21 de fevereiro de 2020:

    Caro Mario Yetika Santo Eichika,

    Obrigado pela informação.

    Paulo Yokota

  5. Ilton cartao de credito bradesco
    5  escreveu às 23:38 em 14 de junho de 2014:

    Doce blogue! Eu encontrei-o durante a navegacao na Yahoo News. Abracos!

  6. Paulo Yokota
    6  escreveu às 09:21 em 15 de junho de 2014:

    Caro Ilton,

    Obrigado pelo comentário. Continue usando o site, acionando o lugar onde V. pode receber este tipo de informação regularmente.

    Paulo Yokota

  7. Heloisa Bhering
    7  escreveu às 14:38 em 18 de maio de 2018:

    Gostaria de receber publicações sobre o
    Japão, quando houver.
    Obrigada
    Heloisa Bhering

  8. Paulo Yokota
    8  escreveu às 18:02 em 18 de maio de 2018:

    Cara Heloisa Bhering,

    Existem muitas publicações, mas vou procurar selecionar os que estão publicados em português. Paulo Yokota


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