Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Limitações das Agências de Avaliação de Risco

15 de fevereiro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: , , ,

Sempre existem controvérsias sobre as agências de rating, cujas opiniões não podem ser ignoradas, mas não devem ser consideradas com a importância que muitos lhes atribuem. O suplemento Eu & Fim de Semana do Valor Econômico publica um trabalho minucioso de Alex Ribeiro, tratando das três mais influentes, Standard & Poor’s, a Moody’s e a Fitch sobre as possibilidades de que a economia brasileira seja rebaixada diante dos muitos problemas que não estão sendo devidamente equacionados. Começa relatando a expectativa gerada no Banco Central do Brasil, quando havia indícios que a economia brasileira seria classificada com grau de investimento, durante o governo Lula da Silva, que tinha na presidência Henrique Meirelles, cuja política foi extremamente conveniente para o sistema financeiro internacional, que não coincide necessariamente com a do Brasil.

Ainda que as agências de avaliação de riscos procurem utilizar muitos critérios objetivos, seus ratings são decididos por um grupo de profissionais que acompanham o que acontece no mercado internacional, que envolvem sentimentos subjetivos como um exagerado pessimismo ou otimismo do chamado mercado, onde estão seus principais clientes. No histórico destas agências, muitos graves erros foram cometidos, não permitindo a identificação dos elevados riscos que estavam se acumulando, como os que resultaram na crise de 2007/2008. Quando se tratam de empresas ou bancos, as mudanças das avaliações só foram posteriores aos desastres ocorridos, mostrando que muitas auditorias não consideravam devidamente os fatores mais elementares.

ImagemKazu

O que contraria muitos analistas é que estas agências e seus representantes costumam adotar atitudes arrogantes, como se suas avaliações fossem completas. Isto acontece também com o FMI – Fundo Monetário Internacional, cujo relatório recente classifica o Brasil como frágil, logo depois da Turquia. Na realidade, ainda que contando com profissionais competentes, existem fatores relevantes que nem sempre são considerados devidamente.

Por exemplo, as agências nunca indicaram que os problemas externos da economia brasileira são, em grande parte, decorrentes das baixas prioridades dadas para as exportações tanto na época da implantação do Plano Real como nos períodos que antecederam ao governo Lula da Silva. De forma idêntica, não se apontou que a estabilização monetária deveria ter eliminado todas as indexações, que persistem até hoje na economia brasileira, fazendo com que a inflação passada tenha influência sobre a futura, fazendo com que a brasileira seja superior à necessária, quando comparada com outras economias.

Também alguns critérios acadêmicos, como a crença na existência de um produto potencial, que comparada com a conseguida, acabam distorcendo suas análises, como as de muitos economistas. São indicações gerais, com amplos intervalos de confiança, pois muitos fatores acabam influenciando o comportamento da economia, não havendo claramente uma função de produção que ligue os fatores disponíveis com o produto. No fundo, a economia é muito mais complexa que os que podem ser captados por modelos econométricos sofisticados, onde nem sempre as hipóteses utilizadas ficam explícitas.

Ainda que todos concordem que o agravamento da distribuição de renda seja um fato que pode conduzir à instabilidade política, e que outros aspectos sociais e políticos também devam ser considerados, poucos destes fatores merecem a devida atenção, principalmente dos economistas. Os grandes riscos ocorreram com mudanças políticas, que nem sempre merecem uma análise muito cuidadosa, que se concentra nos fatores econômicos, alertando que sou economista.



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