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Preocupações Com os Setores da Saúde e Educação no Brasil

11 de fevereiro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, Saúde | Tags: , , , | 4 Comentários »

Os jornais continuam noticiando que empresas privadas brasileiras relacionadas com a saúde e com a educação superior estão passando cada vez mais para o controle de fundos financeiros estrangeiros. Mesmo que não exista nenhuma preocupação xenófoba, é preciso entender que estes fundos financeiros estão preocupados somente com a maximização dos seus retornos de seus investimentos, pouco se preocupando com a qualidade dos seus serviços e o atendimento adequado dos seus clientes. Além de redes de hospitais que já passaram para este controle, os seus centros de decisões estão distante da realidade brasileira, envolvendo também planos de saúde e laboratórios que prestam serviços na análise de elementos que permitem um diagnóstico mais adequado. Não se pode afirmar que existem dificuldades de tecnologia, e os resultados financeiros mais expressivos só podem ser obtidos quando seus custos de captação de recursos são mais baixos e estejam focados na maximização dos seus resultados, mesmo com prejuízo na qualidade dos serviços prestados. Não há como esperar serviços de melhor qualidade, se não estão centrados nestes objetivos.

De forma semelhante, algumas redes de instituições de ensino superior estão também passando para estes fundos estrangeiros. Novamente, não se pode entender que estes fundos disponham de sistemas de administração destas faculdades que lhes proporcionem melhores resultados. Verificando-se as elevadas cifras envolvidas nestas operações, os analistas mais experientes acabam entendo que os resultados só podem ser melhorados com a redução dos seus custeios, que podem implicar na queda da qualidade dos serviços prestados.

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Amil, Fleury, Anembi Morumbi e Anhanguera: vendidos para fundos estrangeiros

Não existe uma razão específica para diferenciarem os fundos de investimentos estrangeiros e nacionais. Como os custos dos recursos locais costumam ser mais elevados, estes fundos estrangeiros entendem que estes setores podem proporcionar retornos interessantes quando considerados em moeda estrangeira, que acabam sendo mais abundantes. Tratam-se somente de operações de arbitragem financeira. A dificuldade decorre das localizações dos centros de decisões, quando eventuais interessados brasileiros não possuem facilidades de acesso no exterior, sendo mais fáceis quando estão no Brasil, eventualmente com pessoas conhecidas localmente.

Pelo que se sabe das atuações no exterior destes hospitais, planos de saúde e laboratórios, que têm sido os alvos preferenciais dos aportes de recursos, a qualidade dos seus serviços não são superiores aos dos grupos brasileiros. Sempre que o grupo é local, existe uma possibilidade que seus hábitos operacionais estejam mais ajustados às condições brasileiras, que costumam ser complexas. As regulamentações brasileiras costumam mudar com frequência, e os clientes já apresentam volumes de reclamações elevados nos órgãos de defesa dos consumidores, que ficam mais difíceis de serem atendidos quando suas sedes estão no exterior, sendo de administradores financeiros, sem maiores preocupações com a saúde.

De forma similar, também na educação, o que parece mais relevante é o acesso diferenciado às fontes de recursos de custos mais baixos. Quando os administradores destes fundos estabelecem metas de rentabilidade, hoje num mundo de acentuadas mudanças de juros, tributações e câmbios, mesmo com o sacrifício da qualidade, os custeios costumam ser comprimidos. E os clientes não têm a quem se socorrer para suas reclamações, se não para o bispo…

Como estes setores são fundamentais para o Brasil, considerando o longo prazo, parece que estes fenômenos precisam ser mais bem examinados pelas autoridades reguladoras, principalmente quando existem tendências para oligopólios, dadas a diferença de magnitude do poder financeiro.


4 Comentários para “Preocupações Com os Setores da Saúde e Educação no Brasil”

  1. cris
    1  escreveu às 19:56 em 11 de fevereiro de 2014:

    Hospital Nipo Brasileiro em SP está falindo?

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 09:13 em 12 de fevereiro de 2014:

    Cara Cris,

    Não acredito nesta hipótese, eles estão bem.

    Paulo Yokota

  3. cris
    3  escreveu às 18:56 em 12 de fevereiro de 2014:

    E o Hospital Santa Cruz?
    Eu li uma reportagem que eles não vão bem.

  4. Paulo Yokota
    4  escreveu às 11:45 em 13 de fevereiro de 2014:

    Caro Cris,

    Como todos os hospitais beneficentes que contam com instalações antigas, o Hospital Santa Cruz luta com suas limitações, mas os atuais dirigentes procuram e se esforçam para recuperá-lo.

    Paulo Yokota


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