Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

As Mulheres e os Problemas do Setor Financeiro no Mundo

8 de março de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: , ,

Dois artigos distintos sobre o setor financeiro mundial estão sendo publicados na Folha de S.Paulo. Uma de autoria de Isabel Fleck sobre a ascensão de altas executivas no setor financeiro, com o título não muito recomendável de “As Lobas de Wall Street”, apesar da igualdade de gênero seja uma tendência que deva ser aplaudida. Outra da mesma autora leva o título “Jovens estão com vergonha de trabalhar na Wall Street”, referindo à publicação do livro de Kevin Roose, “Young Money – Inside The Hidden World of Wall Street’s Post-Crash Recruits”, que informa que alguns jovens estão evitando serem conhecidos como executivos, mesmo de importantes organizações do sistema financeiro internacional. Ainda que estes casos estejam se observando, parece que se deve evitar a generalização para todos os que atuam no setor.

Este site tem insistindo nos abusos de muitas instituições financeiras que, apesar de serem as principais responsáveis pela crise mundial de 2007/2008, continuaram a exagerar nas suas atuações espúrias, conseguindo lucros fabulosos com a assistência de recursos públicos, além de manipularem as taxas de juros como do Libor – London Interbank Rate ou as taxas de câmbio nas astronômicas operações cambiais relacionados com a liberdade dos fluxos financeiros. Em qualquer atividade humana deve existir um mínimo de ética, não se podendo considerar como sucesso a simples maximização dos resultados, principalmente de caráter individual.

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Kathy Matsui do Goldman Sachs                         Kevin Roose

Ninguém pode ser contra a ascensão que as executivas estão conseguindo no setor financeiro mundial, pois muitas são capazes e dotadas de talentos especiais, além de sólidas formações. Muitas conseguem uma convivência de suas carreiras com as de membros de uma família, inclusive criando seus filhos de forma adequada com o auxílio de seus parceiros e eventualmente de outros profissionais. Mas, o que se espera é que elas tenham maiores considerações éticas do que a maioria dos executivos deste setor que se concentram somente na obtenção de seus resultados financeiros como medida do seu sucesso. É preciso entender que o setor financeiro exerce um papel importante nas economias bem como em toda a sociedade, e nem sempre seus resultados podem ser a única medida dos seus bons desempenhos, mesmo que não haja nenhuma condenação para lucros legítimos, sem que haja abusos utilizando os seus poderes políticos.

Mas parece que ocorre uma exagerada valorização de alguns executivos que acabam sendo estereotipados como lobos da Wall Street, sem nenhum respeito às considerações éticas. Todos sabem que têm se multiplicado casos de manipulações para que resultados mais expressivos sejam obtidos, a qualquer custo, provocando uma distorção que está sendo notado por muitos.

A imagem do setor financeiro não é hoje das mais recomendáveis, ainda que existam exceções como as preocupações com a educação, a saúde, a sustentabilidade e outras atividades sociais, que ajudam a confirmar a regra. O agigantamento do setor financeiro no mundo não pode ser considerado normal, pois acaba prejudicando a eficiência das economias e das sociedades para atender a todos os reclamos hoje existentes, não só no curto prazo como para as gerações futuras.

Lamentavelmente, as desigualdades estão se agravando, ainda que se identifiquem as aspirações das populações por melhor distribuição dos frutos do desenvolvimento econômico, político e social entre todos os seus membros. Todos possuem direito ao mínimo de padrão de vida, mesmo que existam limitações de todo o tipo tanto para se prepararem para contribuírem no futuro para o bem estar coletivo, como por já terem dados suas contribuições, merecendo uma idade elevada com o mínimo de dignidade.

Sem o atendimento destas aspirações sempre acaba ocorrendo mudanças políticas democráticas ou violentas e indesejáveis, para o atendimento de um equilíbrio razoável para a convivência em sociedade, mesmo com os que possuem preferências diferenciadas.

Há que se aperfeiçoar mecanismos legais para que ocorram tendências ao equilíbrio aceitáveis pela grande maioria, minimizando os abusos que devem ser condenados, sem nenhuma discriminação de sexo, etnia, religiões ou preferências ideológicas, ou sequer de diferenças educacionais que tiveram oportunidade de acumular ao longo de sua vida. Parece ser uma aspiração natural da humanidade que chegou a um estágio de civilização razoável, ainda que sempre existam os radicais que desejem impor suas vontades por métodos violentos.



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