Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Tendências da Formação de Blocos na Ásia

9 de abril de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: , ,

Diante do crescimento da economia e da defesa chinesa, muitos dos seus vizinhos aliados dos Estados Unidos procuram estabelecer alianças para a possibilidade de tensões na região. O site da Bloomberg informa num artigo de Isabel Reynolds e Sam Kim que, além do fortalecimento das relações da Austrália com o Japão e a Coreia em termos de defesa recíproca, avançam os entendimentos para o estabelecimento de acordos comerciais, que tendem a ajudar o chamado TPP – Transpacif Partnership, inclusive com a participação dos Estados Unidos. A Austrália se tornaria uma forte fornecedora de produtos agropecuários e facilitaria a importação de produtos industrializados, começando com o Japão e a Coreia do Sul, visitada pelo primeiro-ministro Tony Abbott. Isto dificultaria a competitividade do Brasil como fornecedor atual e potencial de importância para aqueles mercados.

De outro lado, a China, segundo o Wall Street Journal num artigo elaborado por Chuin Wei Yap, procura reduzir a sua dependência do fornecimento de milho dos Estados Unidos que é responsável por 90% do importado pelos chineses estabelecendo um acordo com o Brasil. Evidentemente, o Brasil possui interesses nas exportações para a Ásia, o que vem fazendo com muitos produtos, tendo potencial para o seu aumento significativo. Os chineses procuram também o fornecimento da Argentina para produtos agropecuários. As providências começam pelos acordos fitossanitários, mas também empresas especializadas procuram se aparelhar, para superar os elevados custos de transportes a grandes distâncias.

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Na realidade, disseminam-se acordos de livre comércio enquanto o Brasil não se empenha no estabelecimento de alguns que sejam estratégicos. A Ásia continua sendo uma grande importadora de minérios brasileiros como dos australianos, e demandam alimentos para o abastecimento de suas gigantescas populações. Não interessa ao Brasil ficar somente com o mercado da China, pois o conjunto dos países asiáticos constitui um mercado mais estável, que evitariam flutuações exageradas.

Além disso, é preciso imaginar que no futuro haverá crescentes valores adicionados nestas matérias-primas agropecuárias não somente de proteínas como se estendendo a sucos de frutas que são competitivamente produzidos pelos países tropicais. Parece que são urgentes medidas que permitam manter as potencialidades destes mercados, sem se restringir a de alguns países.

Na realidade, ainda que se parta dos produtos agropecuários, os acordos comerciais acabarão envolvendo produtos manufaturados, pois o comércio internacional no mundo globalizado permite o aumento de peças e componentes de muitos deles. Não há restrição na pauta potencial, pois certamente haverá mudanças nas estruturas industriais, bem como de serviços, sendo que muitas matérias-primas básicas destes produtos industriais também estão disponíveis no Brasil.

Parece que há conveniência ao Brasil em se dar maior ênfase a estes acordos comerciais para não correr o risco de ficar isolado de um mercado que deverá continua a crescer nas próximas décadas.



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