Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

A Complexa Situação Geopolítica Mundial

23 de julho de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Política | Tags: , , ,

Todos estão observando que se registram importantes mudanças recentes no quadro geopolítico mundial, com a redução da hegemonia dos Estados Unidos, até sobre os seus aliados. Tinha como polo dialético a antiga URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas comandadas pela Rússia, que sofreu uma desagregação. Mas aquele país procura recuperar a sua ascendência sobre a Criméia como outros países que participavam do seu bloco, como a Ucrânia e outros vizinhos, mesmo com a contrariedade da maioria dos países ocidentais. A recente derrubada de um avião civil na região, possivelmente atingido por um míssil, complica mais a situação mundial.

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United States of America

Também os problemas no Oriente Médio, com o acirramento dos conflitos históricos de Israel com seus vizinhos palestinos, com a matança de muitos civis em nada contribuem para a paz mundial, que continua enfrentando as dificuldades no Iraque como no Afeganistão.

A recente ascensão do status da China, ainda que em termos per capita sua renda ainda seja modesta, com crescimento acentuado nas últimas décadas, dentro de um regime autoritário, qualifica-a como a natural substituta da Rússia. Esta passa a depender fortemente do gigante asiático, até porque não conta com alternativa senão fornecer seu gás para os chineses. Muitos países asiáticos se sentem incomodados com a nova situação, ainda que todos pretendam exportar para a China e que embora ela declare que não possui objetivos expansionistas sobre seus vizinhos. Também procura ampliar suas relações comerciais com todos os países do mundo que possam fornecer matérias primas que lhes interessam ao mesmo tempo em que sejam importadores de seus produtos, como consta de artigos publicados no Nikkei Asian Review.

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China’s Sources of Oil

Nas recentes reuniões de cúpula dos BRICS em Fortaleza, como dos dirigentes máximos dos BRICS com os presidentes dos países membros do UNASUL em Brasília a China demonstrou claramente que pretende consolidar mundialmente a sua forte posição econômica e política que já conseguiu.

Tanto na criação do New Development Bank como do CRA – Contingent Reserve Arrangement, ainda que não sejam declaradamente em confronto com o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional dominado pelos Estados Unidos e seus aliados desenvolvidos ficam claro que os países emergentes pretendem ampliar suas influências no cenário mundial.

Na medida em que estendem as possibilidades de contemplar algumas demandas dos países membros do UNASUL, acabam dando o sinal que estão marcando presença no quintal dos Estados Unidos, devendo se subentender que a China, que deverá aportar mais recursos que os demais parceiros teriam naturalmente uma influência maior, mesmo com a alegação de um comportamento equilibrado.

As reuniões paralelas bilaterais aproveitando estes encontros de cúpula também demonstraram que a Rússia evita o seu isolamento diante das suas ações na Criméia e na Ucrânia, diante das pressões adicionais dos Estados Unidos e dos países europeus. Também foi significativa a reunião da China com a Índia, que apesar de seus interesses comerciais comuns, possuem profundas divergências em questões territoriais.

Estes tipos de posicionamentos estão ocorrendo em muitos eventos internacionais, demonstrando que os Estados Unidos se sentem cada vez mais constrangidos nas suas operações concretas, enquanto a China se mostra cada vez mais desenvolta.

No atual mundo globalizado, os demais países emergentes insistem em ampliar as suas influências procurando maior equilíbrio, mas parece realista admitir que somente os que estão em condições de aportar substanciais recursos é que conseguirão consolidar suas posições.

Mas, os estudiosos de ciências políticas informam que sem um mecanismo para acomodar melhor as aspirações por mais liberdade política que acompanha a melhoria no nível de bem estar, acabam surgindo problemas difíceis de serem superados. Nada indica que as tendências de médio prazo, tenham continuidades por longos períodos. As flutuações, tanto em economia nas condições geopolíticas, parecem naturais.



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