Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Sugestões de Delfim Netto no Valor Econômico

26 de agosto de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

Muitas análises superficiais nem sempre conseguem, de forma simples, identificar os grandes problemas brasileiros que nos afetam, lamentavelmente, resultando num baixo crescimento econômico, pressões inflacionárias e dificuldades no setor externo. O professor Delfim Netto na sua coluna semanal no Valor Econômico com uma tabela muito singela, mostra que há muito tempo o Brasil perdeu a consciência que o setor externo é fundamental para manter um desenvolvimento sustentável. O problema vem ocorrendo desde antes do período analisado, que ficou restringido ao início da crise de 2007/2008, quando a estabilização inflacionária bem obtida no Plano Real “esqueceu-se” a prioridade das exportações, para sustentar o desenvolvimento.

Do artigo citado do Valor Econômico consta a tabela abaixo:

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Na realidade, a crise de 2007/2008 agravou os problemas do setor externo, resultando na redução do ritmo de crescimento da economia brasileira e aumento das pressões inflacionárias. A situação piorou no período 2011 a 2014. Mas esta situação que hoje está dramática vinha já indicando antes que o Brasil estava reduzindo a prioridade do seu setor exportador, com o congelamento do câmbio por três vezes, retirando a competitividade do setor industrial que antes se encontrava numa situação razoável.

Muitos criticam que as autoridades não efetuaram as correções necessárias depois da crise de 2007/2008 contentando-se com uma redução do ritmo de crescimento que foi menos acentuada que no resto do mundo. Também indicam que problemas de muitas décadas passadas continuam sendo desenterradas.

O que parece conveniente que fique claro é que as deteriorações como do setor industrial brasileiro, que limitam o crescimento da economia brasileira são fenômenos de longo prazo. Antes do Plano Real, que teve o mérito de estancar o processo inflacionário de forma imaginativa, o Brasil registrava expansões das exportações superiores à coreana ou a chinesa. Se tivessem continuado o quadro atual seria totalmente diferente.

O que estas reflexões sugerem é que muitos dos grandes problemas brasileiros não podem ser resumidos aos períodos de gestões curtas no comando da economia brasileira. Sem uma visão estratégica de longo prazo só será possível tapar buracos que vão surgindo, não havendo como detectar problemas que só serão sentidos décadas depois.

A responsabilidade por esta consciência não é somente do governo cujos mandatos são curtos. Os acadêmicos e outros que deveriam ter a função de pensar nos problemas brasileiros no longo prazo necessitam proporcionar subsídios para que todos tenham consciência destas considerações estratégicas.

A administração pública necessita, também, de setores que estejam pensando os grandes problemas com enfoques mais longos, pois tanto os pesados investimentos em infraestrutura, como a maturação das pesquisas destinadas às inovações demandam prazos longos.



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