Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Pesquisas Histórias Brasileiras que Emocionam

27 de novembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias | Tags: , , ,

O Brasil é um país com uma história ainda curta que conta com limitações de documentações originais que comprovam muitas versões do que consta como oficial, mesmo sobre assuntos que nem sempre merecem a atenção devida de todos. Quanto há uma notícia de um trabalho nesta área, todos que se interessam por assuntos semelhantes acabam se emocionando. Uma notícia publicada por Leonardo Vieira no site de O Globo informa sobre um jovem historiador de Pernambuco, Bruno Véras, que se interessou sobre um livro lançado em Detroit, USA, em 1854, pelo próprio ex-escravo Mahmmad Gardo Baquaqua, “An interesting narrative, Biography of Mahmmand G. Baquaqua”. Com a ajuda do Ministério da Cultura, do consulado do Canadá e outros dois pesquisadores brasileiros, está providenciando o lançamento deste livro em português, o que se espera ocorra até o final do próximo ano. O artigo pode ser encontrado na sua íntegra no http://oglobo.globo.com/sociedade/historia/historiadores-traduzem-unica-autobiografia-escrita-por-ex-escravo-que-viveu-no-brasil-14671795 .

Informa-se que existem outros livros, em inglês, escritos por ex-escravos, publicados nos Estados Unidos e na Inglaterra que receberam também apoio daqueles que desenvolviam uma campanha para a eliminação da escravidão, que já começava a ser abolida em algumas unidades dos Estados Unidos. Mas, pelo que se saiba, no Brasil só se dispõe de livros como o de Castro Alves e outros abolicionistas, que, mesmo tendo objetivos semelhantes e causem fortes impactos, não têm a força daqueles que viveram calamidades do tipo. O livro em pauta relata desde o que ocorreu dentro de um navio negreiro, que veio de Uidá, no norte da África, tendo chegado a Pernambuco, no Novo Mundo, em 1845.

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Capa do livro divulgado pelo professor Bruno Véras

O artigo informa que Mahommah G. Baquaqua era filho de um comerciante proeminente, estudou numa escola islâmica, tendo adquirido conhecimentos de leitura e matemática, que o qualificavam a atuar nas rotas comerciais do então califado de Socoto e o extinto Império Ashanti, que efetuavam o tráfico de escravos de regiões da África Ocidental. Também no Brasil, chegou a desempenhar papéis mais importantes, mas sem ser reconhecido pelos seus esforços entrega-se à bebida. Foi revendido ao Rio de Janeiro, chegando a atuar no comércio de charque entre o Rio Grande do Sul até a capital de então da Corte.

Mas foi uma encomenda de café que lhe proporcionou a oportunidade para ir a Nova Iorque, e numa tentativa de fuga, acabou preso e fugiu para o Haiti, tendo se convertido e ingressado na Igreja Batista Abolicionista, onde teve possibilidade de aprender inglês, na região de Nova Iorque.

Alguns destes relatos encontram respaldo no que se conhece, como o comércio de charque e o papel da Igreja Batista Abolicionista, que até hoje continua atuando com a denominação de Igreja Metodista Livre e sempre teve importância em causas como as mencionadas, inclusive no ensino. Certamente, haverá muitas documentações adicionais que podem dar maior respaldo a esta interessante história.



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