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Preocupação Legítima Sobre a Preservação do Pirarucu

13 de novembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias | Tags: , ,

Todos sabem que o pirarucu, também conhecido como o bacalhau brasileiro, está entre os peixes fluviais de maiores dimensões, podendo chegar a 7 metros e 400 quilos. Simon Romero publica no site do International New York Times um precioso artigo sobre o esforço que vem sendo feito em algumas regiões da vasta Amazônia para a sua preservação, contando com a colaboraçao dos pescadores que dependem de sua pesca. Isto se torna possível com um manejo adequado, preservando os mais jovens, com uma pesca controlada, evitando-se as efetuadas por redes. O pirarucu costuma atingir a sua maturidade aos 3 a 4 anos. Os que conhecem um pouco da Amazônia sabem os multiplos usos do piracucu, que começa pelas suas escamas que são usadas como lixas ou ornamentos, a sua língua seca é utilizada para ralar os bastões de guaraná, que é considerado saudável e até afrodisíaco, enquanto a sua carne seca e salgada ficou conhecida como o bacalhau brasileiro, mesmo que não apresente um sabor de elevada qualidade.

O autor do artigo relata o que observou no longuínquo Tefé, nos confins do gigantesco Estado do Amazonas, acompanhando a vida dos pescadores que alimentam sua ainda numerosa família com o produto de sua pesca. Nas proximidades das cidades, a sua pesca ilegal está colocando a preservação desta espécie como de outras com o risco de extinção. As espécies menores dos peixes fluviais da Amazônia já contam com criações até visando o abastecimento do mercado, eliminando riscos semelhantes. Na realidade, se os manejos adequados forem efetuados, tanto estes peixes como outros produtos da ampla biodiversidade da Amazônia conta com condições para a sua adequada preservação, sustentando a floresta e a região, proporcionando condições de melhoria do padrão de vida de sua população. Muitas iniciativas neste sentido estão sendo efetuadas, inclusive com o apoio externo.

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Um pescador puxa um pirarucu no lago do Macaco, perto de Maraã, Brasil. Crédito: Mauricio Lima e para The New York Times, onde foi publicada a matéria

É evidente que o artigo voltado para os leitores internacionais, principalmente norte-americanos, ainda contém alguns exageros como as abundâncias das piranhas e jacarés, que contam com muitas variedades, desde as mais agressivas como as mais inocentes. Os cardumes, como de algumas piranhas, ficam demasiadamente agressivas ao mínimo vestígio de sangue, inevitável nas pescas como o do pirarucu, tornando-se de alto risco para os pescadores mesmo acostumados com elas.

O artigo relata um caso de sucesso na conservação da Amazônia, o da região de Mimairauá, onde o estoque de pirarucu estaria alcançando uma elevação de 400 por cento, onde a preservação é feita em colaboração com os pescadores. Não se pesca os menores e os que apresentam potencialidade de se tornarem reprodutores. Voltou-se para as técnicas tradicionais de pesca que exigem maior paciência.

Como o pirarucu é de grande dimensão, quando é puxado para as pequenas canoas, é abatido usando-se tacos de madeira, apresentando-se o risco de virar a embarcação. Tudo se aproveita do picarucu, e suas víceras são apreciadas com um pouco de farinha de mandioca. O mais apreciado continua sendo sua carne, que, segundo o artigo, chega a proporcionar cerca de US$ 200 por cada um pescado, reforçando os orçamentos dos pescadores.

Os salgados não aparentam os bacalhaus secos, pois a elevada umidade da Amazônia ainda os mantêm escuros, ainda que possam ser preservados por muito tempo. Seu aproveitamento desta forma são antigas. O artigo informa que mais de 1.400 pescadores em torno de Mamirauá participam do programa de manejo do picarucu, permitindo etiquetar cada peixe pescado. Estes pescadores conseguiram obter uma média de 650 dólares por cada peixe pescado em 2013, o que é importante para esta população amazônica, ainda que a pesca ilegal tenda a depreciar os preços no mercado.

A esperança é a continuidade desta pesca sustentável, mostrando que existem formas racionais de manejo, que permitem a sua preservação e continue proporcionando meios para a população de pescadores.



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