Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

2015 no Brasil e no Mundo

18 de dezembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: , ,

A respeitada revista de circulação internacional The Economist publica uma matéria, como muitos veículos de comunicação social estão fazendo no mundo, efetuando uma comparação com o que ocorria em 1990, que lhes afigura mais semelhante com a situação atual, ainda que se possa preferir outras datas como base para comparações. Em alguns casos, talvez, o recomendável seria com comparação com 1986, logo depois do chamado Acordo de Plaza que estabelecia uma nova paridade cambiais com a participação dos países chamados desenvolvidoscomo os Estados Unidos, Alemanha, Japão, França e Reino Unido, quando o dólar foi desvalorizado, em alguns casos de forma exagerada como com relação ao yen japonês. O que parece destacável é que nestas últimas décadas, o setor financeiro ganhou maior importância no mundo com fluxos exagerados de recursos, do que com o desenvolvimento tecnológico como o provocado pela computação e uso da internet, que parece mais relevante na contribuição para a melhoria do bem-estar em todo o mundo.

O que a revista menciona é um estado de relativa fraqueza atual de economias desenvolvidas, mesmo com a recuperação da norte-americana, com a da Alemanha e do Japão, quadro que parece generalizado na Europa. Haveria problemas em países emergentes como a Rússia e Brasil, enquanto a China ganhou uma importância destacada nas últimas décadas, mas sofre também uma desaceleração no seu ritmo de crescimento como aumento da sua poluição. Parece haver um exagero, provocado pelas autoridades monetárias na tentativa de recuperar o crescimento de algumas economias, com as ampliações da disponibilidade de créditos provocadas pelo chamado “quantitative easing monetary policy”. Mais recentemente, observa-se um excesso de produção de matérias-primas, inclusive do petróleo e outras fontes de energia, mas também de minérios e produtos semielaborados como os metais que estão com seus preços em queda. Problemas políticos estão sendo enfrentados com o aumento das manifestações populares de insatisfação devido a variados problemas. A produtividade agropecuária parece generalizar-se e os problemas de fome ficaram restritos a alguns países.

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Mesmo nas economias como a norte-americana, que mostra uma recuperação respeitável, com redução dos seus problemas de emprego, um mercado de capitais com exageros de ganhos em algumas empresas, os problemas políticos se aprofundam com as divergências internas existentes. O que ainda predomina é um cenário mundial decorrente da crise de 2007-2008 que não foi totalmente superada, aumentando as diferenças nas distribuições do bem-estar no mundo.

As previsões de um painel de analistas é que, para 2015, os Estados Unidos devem continuar com um crescimento de 3%, segundo a revista, enquanto com 1,1% no Japão e na área do Euro, como um primeiro grupo de problemas. Mas a queda do preço da energia, se de um lado ajuda a maioria da economia mundial, provoca problemas até nos Estados Unidos, com as explorações de xisto, e nas empresas menos eficientes que contribuíram para este crescimento.

O segundo grupo de problemas decorreriam do baixo crescimento tanto da Alemanha como do Japão, em decorrência de problemas que não são comuns. E o terceiro seriam o que está ocorrendo com os países emergentes, onde Rússia se encontra já em forte crise, mas que também se estende a outros países como o Brasil, e alguns países do Sudeste Asiático. Também os que se sustentavam com suas receitas decorrentes da exportação de petróleo passam agora por dificuldades.

Como o mundo está globalizado, parece evidente que os problemas existentes acabarão afetando também os Estados Unidos, talvez com algumas defasagens. Segundo a revista, ainda que o setor financeiro esteja menos alavancado, as manipulações que estão sendo identificadas como nas cotações dos títulos do Tesouro Norte-Americano, das taxas de câmbio e da taxa de juros tipo Libor, mostram que regulamentações necessitam ser introduzidas, mesmo com a resistência dos bancos.

Os problemas existentes, notadamente nos países mais pobres, acirram as dificuldades como de absorção dos imigrantes, diante das dificuldades com os desempregados locais para onde se dirigem. As manifestações políticas acabam ficando agudas, e as tendências nacionalistas se manifestam em diversos países.

Nem sempre os diagnósticos do que precisa ser feito, inclusive com reformas, não acabam recebendo o respaldo político, sendo difíceis de serem colocados em prática. Mas é preciso constatar que a Humanidade veio superando os seus problemas, e, mesmo que de forma menos brilhante, os problemas serão atacados também em 2015 e nos anos seguintes. Se não existe espaço para muito otimismo, também não se pode considerar este quadro mundial como dos mais calamitosos.



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