Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Proposições Econômicas de Shinzo Abe Após as Eleições

17 de dezembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: , , ,

Depois da expressiva vitória eleitoral do partido do primeiro-ministro Shinzo Abe nas eleições do último fim de semana, o The Yomiuri Shimbun, num artigo elaborado por Takeshi Kurihara e Ryosuke Yamaguchi, informa sobre a reunião realizada por ele no seu gabinete com representantes dos empresários na sua principal organização – Keidanren, os sindicalistas representados pelo Rengo – Trade Union Confederation e os participantes do governo. Shinzo Abe teria expressado o seu desejo que os setores beneficiados pela sua Abeconomics, com a desvalorização do yen, proporcionando altos lucros para as empresas exportadoras, deveriam ajudar a expansão da demanda local, mediante a transferência de parte dos seus resultados para os consumidores com aumento dos salários, bem como ajudando as pequenas e médias empresas que estão sendo prejudicadas pelos aumentos dos produtos importados.

Para analistas que observam o Japão do exterior, estes fatos são surpreendentes numa economia de mercado. Parece que os resultados eleitorais não expressam tanto a aprovação da política implementada, mas a falta de alternativas que fossem apresentadas por uma oposição desarticulada. Numa economia como a japonesa, que tem uma longa tradição de orientação sutil da economia pelo governo, os níveis salariais costumam ser estabelecidos pelo mercado. Sabe-se que afetam as grandes empresas quando os recursos humanos disponíveis estão escassos, o que não parece o caso no momento, e que funciona mais junto às grandes empresas. As pequenas e médias empresas que são importantes no Japão não guardam uma relação tão simples e estas orientações não costumam ser fáceis de ser comandadas, mesmo com o entendimento do governo, empresários e sindicatos. As milhares de relações existentes na economia dificilmente podem ser comandadas por poucos dirigentes, e o seu funcionamento é mais complexo na realidade, não podendo ser tão simplificado, pois estas entidades não possuem um poder de comando tão amplo em todo o país.

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Surpreendente reunião de Shinzo Abe com empresários e sindicatos no seu gabinete depois da vitória eleitoral, foto publicado no The Yomiuri Shimbun

Como uma tentativa de informar sobre a política que está sendo perseguida, uma reunião desta natureza pode ser relevante. Mas, observando-se que nos principais meios de comunicação social não se verificam muitas notícias a respeito, o que pode ser um indício de que consideram de pouco efeito prático para gerar um ciclo virtuoso na economia daquele país.

Existem vozes que, mesmo na próxima temporada de negociações salariais as pretensões dos empregados não podem ser totalmente aprovadas, pois as empresas ainda não estão seguras quanto a evolução da economia japonesa, num contexto mundial que não aparenta ser tão favorável. Mesmo com a redução atual do custo da energia. Ainda não existem indícios que as empresas japonesas se tornaram competitivas, pois somente o câmbio não provoca tantas mudanças.

O que vem ocorrendo é uma exagerada valorização da Bolsa com o excesso de liquidez, além do aumento das atividades financeiras em todo o mundo com fluxos de recursos astronômicos, com manipulações das mais variadas formas, tanto nas taxas de juros, câmbios como até as cotações dos bônus do Tesouro Norte-Americano, sem que se consiga uma regulamentação adequada.

Num cenário mundial desta natureza, ainda que a recuperação da economia japonesa seja desejável, não se pode esperar um comportamento mecânico e muito simplificado.



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