Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Antes Tarde do Que Nunca

2 de janeiro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: , , , | 2 Comentários »

Dois artigos críticos do The Economist sobre o segundo mandato de Dilma Rousseff e sobre a Petrobras dificultam achar qualquer argumento construtivo.

Ainda que não seja uma mudança completa, o que poderia ser admitido é que a presidente Dilma Rousseff iniciou o reconhecimento da necessidade de correções radicais para o seu segundo mandato. Ainda que o seu discurso de posse tenha sido conciliador com o que vinha expressando na campanha eleitoral, e, consequentemente, pouco convincente da sua profunda convicção da necessidade de mudanças radicais no segundo mandato, até pela falta de alternativas, parece ser um início de pragmatismo.

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Ilustração constante do artigo do The Economist.

A revista The Economist, ideologicamente contrária as conciliações com as classes trabalhadoras, não reconheceu nem mesmo que as empresas petrolíferas do mundo se envolveram historicamente em confusões políticas, pois aspiram as benesses do poder. Nem que sempre houve dificuldades com os sindicatos envolvidos em atividades políticas, não sendo ambos os casos invenções brasileiras, mesmo que não sejam argumentos suficientes de desculpas. Há que se reconhecer que poucas vezes se registram punições tão severas no mundo, com indiciamentos de dezenas de empresários de grandes empreiteiras como dirigentes de estatais como no presente caso no Brasil, ainda que isto nem seja um mero consolo.

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Edificio sede da Petrobras no Rio de Janeiro.

Compreende-se que o processo de desenvolvimento brasileiro, mesmo com uma democracia ainda em seu estágio inicial, a classe trabalhadora assumir o poder certamente é um dos poucos exemplos históricos no mundo, conseguindo ampliar a classe média brasileira. O caso da Polônia com o movimento Solidariedade mostra que, mesmo com a simpatia internacional, não se consolidou como um avanço significativo. As investigações atuais são decorrências dos avanços introduzidos pela Constituição de 1988, que proporcionou maior liberdade ao Ministério Público.

O desenvolvimento que ocorreu no mundo até 2007/2008 beneficiou o Brasil e as interpretações mais simples eram decorrentes dos méritos brasileiros, quando na realidade o nível do mar mundial se elevou e com ele o Brasil. A China contribuiu significativamente neste processo, mostrando que mesmo uma economia emergente poderia destacar-se a ponto de contestar os Estados Unidos na liderança mundial. E está sendo seguida pela Índia.

Isto parece mostrar que países que contam com grandes contingentes populacionais e amplas extensões territoriais, ricos em recursos naturais, ainda que enfrentem problemas com a pobreza de grandes massas, possuem condições para consolidar a sua posição no mundo. A população brasileira não é tão grande, mas os recursos naturais no seu amplo território continuam atraindo os investimentos estrangeiros, ainda que existam problemas como os do presente.

O que parece que seria possível lamentar é que o Brasil poderia ter uma performance mais brilhante, o que não vem conseguindo com os políticos e dirigentes com que conta, notadamente no seu setor público. Com o mínimo de acertos poderia obter resultados mais significativos, e as correções que estão sendo introduzidas, ainda que exijam frustrações sobre as expectativas passadas, parecem indicar um saudável pragmatismo. Pode ser que não sejam tão brilhantes, mas parece que se enquadram no “novo normal” que parece prevalecer no mundo, com todos os seus percalços.

Certamente as expectativas são melhores do que muitos países chamados desenvolvidos que necessitam viver somente das glórias passadas dos seus momentos históricos, com uma população declinante e envelhecida, com fortes sinais de decadência.


2 Comentários para “Antes Tarde do Que Nunca”

  1. Diego
    1  escreveu às 17:30 em 4 de janeiro de 2015:

    Prezado,
    Com todo o respeito, mas você queria que a revista The Economist fizesse elogios ao governo brasileiro ?
    Você sabia que o governo federal em 2014 gastou quase 2 bilhões de Reais em propaganda , cuja publicidade majoritariamente fazia elogios à administração federal?
    Pergunto, por que esta renomada revista deveria fazer campanha a favor deste governo, sabendo que este mesmo governo gastou bilhões fazendo autopropaganda ?
    A revista The Economist fez o seu papel como mídia independente, não cabe a ela dar um voto de confiança ao Brasil, isso quem faz é o eleitor brasileiro, não é ?
    Alias, muitos brasileiros deram o seu voto de confiança elegendo à Dilma, mas que infelizmente foi enganada por ela, pois basta ver a Medida Provisória proposta recentemente no Brasil que reduzirá direitos trabalhistas, cuja medida ela tinha dito, durante a campanha pra sua reeleição, que a oposição faria isso e não o seu governo.
    Respeitosamente,
    Diego
    -Fontes de referência:
    http://www.folhapolitica.org/2014/02/governo-federal-gasta-quase-r2-bilhoes.html
    http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,dilma-supera-lula-nas-despesas-com-propaganda-juntos-gastaram-r-16-bi,1063026

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 07:39 em 5 de janeiro de 2015:

    Caro Diego,
    O que venho colocando são as observações somente críticas que vem sendo feito pelo The Economist, que todos sabem tem as suas idiossincrasias. A dificuldade é que os diagnósticos feitos, sempre que parciais, não conseguem nenhum efeito construtivo. Mesmo que tenha que criticar os problemas que o Reino Unido vem enfrentando, também existem coisas positivas que continuam ocorrendo naquele país, como as punições dos que estão manipulando as taxas de juros e de câmbio em Londres.

    Paulo Yokota


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