Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Complexa Situação Monetária Mundial

29 de janeiro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: , , ,

clip_image002Mesmo para treinados analistas internacionais, está ficando difícil entender qual vai acabar sendo a resultante de tantas mudanças que estão ocorrendo simultaneamente nas políticas monetárias dos diversos países.

A cautelosa presidente do FED, Janet Yellen

Apesar das pressões que estão ocorrendo de muitos lados, a cautelosa presidente do FED – Sistema Federal de Reservas (o Banco Central dos Estados Unidos), Janet Yellen vem resistindo ao aumento da taxa de juros de referência que está em zero por cento naquele país. Como a economia dos Estados Unidos está se recuperando de forma surpreendente e o desemprego no país está baixando, muitos pressionam para que se volte ao normal, o mais rapidamente possível, que seria ter uma taxa de juros positiva, começando a reduzir a politica chamada de “quantitative easing”, que inundou o mundo com dólares e créditos.

Como o BCE – Banco Central Europeu também adotou uma política semelhante, acompanhando o que já tinha sido feito pelo Japão, generalizou-se uma guerra cambial, com o Canadá baixando a sua taxa de juros que ainda é positiva, com a Austrália ameaçando acompanhá-la. Para se manter competitivos, os países do Sudeste Asiático, como o Japão, procuram tomar medidas que os protejam.

Todos estes países procuram atingir uma inflação que esteja em torno de 2% anual, fugindo da deflação que é um fenômeno mais desastroso para a economia. Todos procuram desvalorizar os seus câmbios para se manterem competitivos no mercado internacional visando recuperar suas economias. Até que tudo isto se estabilize criando um razoável equilíbrio, as incertezas continuarão predominando, o que não ajuda no aumento dos investimentos na ampliação das capacidades produtivas.

Neste cenário, o Brasil enfrenta um problema aparentemente contrário. Com elevados déficits fiscais e fortes pressões inflacionárias, aumenta os juros e os impostos, reduzindo suas assistências sociais, quando vinha elevando o seu salário real. Necessita recuperar um razoável equilibrio, num prazo de cerca de dois anos, para voltar a recuperar sua capacidade de crescimento sustentável.

Mesmo que estas medidas sejam temporárias, não favorecem as condições para investimentos indispensáveis para a volta ao crescimento econômico. Necessita, também, obter condições de competitividade internacional, para aumentar suas exportações e reduzir uma parte de suas importações de produtos acabados, que prejudicam o emprego interno e a manutenção das rendas das famílias.

O aumento das incertezas não ajudam a ninguém, como a ameaça de não honrar parte da dívida da Grécia. Ainda que as reduções dos preços da energia ajudem a muitos, os que sofrem com a redução de suas receitas de exportação passam por momentos difíceis, adicionando problemas políticos internos, também um fator de aumento das incertezas.

Quando o mar está tão revolto, tudo recomenda maiores cautelas que não ajudam na recuperação das economias, ainda que todos tenham que continuar vivendo. A cautela não pode significar pessimismo, que em nada ajuda a economia, nem a política.



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